terça-feira, 16 de outubro de 2012

TRANSPORTES


Transportes
O transporte desenvolveu-se lentamente na era pré-histórica, que vai até meados de 3.000 a.C. nessa época não havia animais de carga, nem veículos com rodas e nem estradas, todos viajavam a pé e levavam as crianças ou os pertences amarradas nas costas ou na cabeça, as cargas muito pesadas eram penduradas no meio de uma vara por duas pessoas. Um milhão de anos antes do homem, os animais carregavam suas presas ou faziam suas reservas arrastando o material comestível. Diziam que a vocação para empurrar pertencia aos ungulados, os antigos paquidermes de Cuvier. Os felinos arrastam a caça, prendendo-a na boca, e quando o presa é menor, atiram-na no dorso.
Abatida a caça, o homem do paleolítico não podia transportá-la inteira, então a decepava e cada um levava a sua parte. Para construir as cidades lacustres, árvores de porte foram derrubadas, as vigas e barrotes foram arrastadas da floresta através de trenós e carros de rojo.
O carro de arrasto, seleia, rastilho, treineau, sledge, foi o primeiro veículo, carro arrastado pelo braço do homem, dos troncos arrastados passaram a escavar a medula dando lugar para as cargas e diminuindo o peso pelo aparamento. A tora da árvore foi adelgaçando até tornar-se uma grande tábua resistente, uma forquilha de arrasto. Da árvore arrastada nasceu o trenó e teve várias formas dependendo do solo: curvo, bordo saliente, aduelado, duas vigas paralelas com taliscas entremeadas. Primeiro ao rés do solo e depois mais suspenso da superfície deslizadora dando mais conforto. Vê-se na ilha da madeira um carro de rojo que desce as ladeiras de Funchal.
O carro de arrasto transportou todo o material pesado, toneladas, para as construções do Egito, Assíria, Pérsia, Babilônia e Europa megalítica, puxado também pelos trabalhadores incas e astecas para as suas cidades de pedras, templos, muralhas e palácios. Quatro mil anos a.C. havia a roda na mesopotâmia. Começara maciça, inteira, girando presa ao próprio eixo como os carros de bois do nordeste brasileiro, o tema foi estudado por Lowie, Ralph línton, Birketh-Smith, Wooley e Haddon. A Europa usou a roda na idade do bronze, Wooley em " estandarte de Ur", mostra cinco carros de rodas maciças, puxados por onagros, três transportando guerreiros. O primeiro carro tinha duas rodas, com um timão e dois animais de tração. Assírios e Egípcios usavam carros de rodas raiadas com dois guerreiros.
Da Ásia o carro correu para a Índia, China, Ásia Menor, Grécia, África. O carro de duas rodas é uma constante mediterrânea " le symbole vivant de la civilization méditerranéenne", segundo Krueger. Nos tempos históricos, os grandes carros germânicos, carros-abrigos-fortalezas onde as mulheres e filhos assistiam ao combate e nas horas do assalto participavam dele, eram puxados por bois e de rodas inteiras. Quando os romanos enfrentaram os cartagineses na Espanha, o carro chillón de eixos foi usado, bem como em Portugal. O carro de rodas maciças no Brasil surge no quarto decênio do século XVI, a carreta de raios, anterior, na seção castelhana do continente. Birket-Smith fala nos desenhos escandinavos nas pedras e num relevo assírio, representando o transporte do obelisco do rei Asur-NazirPal I, com dois carros de duas rodas.
Da forquilha de arrasto, o homem pensou em colocar um toro de madeira sob os dois varapaus rojantes, dos rolos debaixo dos paus arrastados, passou-se a fixa-los fazendo cavidades em meia-lua, depois veio o estrado e as extremidades do rolo sugeriram as rodas, salientes e rodando nas cavidades suportadoras do eixo, é uma hipótese da Haddon e Tylor. O cavalo puxou o carro e depois foi montada de guerreiro, caçador, pastor. Os ameríndios não sabendo da existência da roda não tiveram carros, a roda era usada entre eles como brincos. Os cães arrastavam os rastilhos dos caçadores de bisontes, carregados de carne, e os trenós dos esquimós nas paragens geladas. O soberano inca era conduzido pelos súditos no alto de um palanquim, a lhama também suportou pesos, mas o veículo essencial foi o homem.
Usaram a jangada (denominação malaia) os Tasmanianos, Polinésios que a chamavam de pai-pai, egípcios do nilo superior, indígenas Amerabas, Aruacos e Tupís. Flutuava nos oceanos americanos, no titicaca, nos rios da Califórnia, Nevada, Arizona. Nas Antilhas desapareceu. A jangada foi o tranportador humano por excelência nas épocas lacustres, sem leme, sem vela, sem remo, o homem empregou as mãos para remar, como faziam os Maricopas do Arizona.
Thor Heyerdahl com cinco companheiros, viajou de jangada com vela desde Callao Peru, em agosto de 1947, atingindo a ilha Raroia de Tuamotu. William Willis sozinho em jangada idêntica, em outubro de 1954, do mesmo porto, chegou à Polinésia, na ilha Tutuila, Samoa.
O bote de couro, redondo, foi usado no rio tigre até Babilônia ( Heródoto, clio ). Com ele o esquimó fere a baleia. É a pelota da América do sul e o bullboat da América do norte, feito de couro de bisonte, se rasteja na Bretanha, Pirineus e Tibet. O bote de cascas, de cortiça, viaja nos rios do Amazonas, Pará e Zambeze na Austrália.
A canoa, nome aruaco, piroga monóxila, esteve na Melanésia, Polinésia, Hindustão, América, Sibéria, Oceania e lagos húgaros. De um a trinta remeiros, no século XVI remando de pé como nos desenhos rupestres de Bohuslan, Haggéby, ingelstrup, Suécia e Noruega. No neolítico europeu surge na Irlanda, Escócia, Suíça, Alemanha, Itália, Báltico e mediterrâneo. Quarenta séculos a.C. aparece com velas redondas no bojo da cerâmica pré-dinástica do Egito. Jangada com vela, Ulisses construiu na ilha Ogígia fugindo dos braços de calipso ( Homero, odisséia, V, 249-260 ), quando os argonautas viajaram para a Colchida, rumo ao mar negro, a barca era impulsionada por remeiros deuses, semideuses, heróis, mas ostentava uma vela quadrada.
No Brasil usou-se a vela em 1635. Nos cronistas do século XVI não há registro. Com vela e bolina uma jangada é vista pelo piloto Bartolomé Ruiz em 1526 no pacífico, litoral do Equador. Nega-se a vela entre os Caraíbas, Nordenskiold em "origin of the indian civilizations in south América", indica a vela no império inca durante o período incaico, na América central e México. É uma vela quadrada, para o Peru dos incas, uma vela triangular. No lago Titicaca usavam-se velas de junco e capim nas balsas. Montezuma espantou-se ao ver as velas no barco de Hernan Cortez e Von Hagen afirmou: "Moctezuma was charmed and said that it was a great thing, this combinig sails and oars together".
Informou Wilhelm Giese: "Em todos os países do mediterrâneo, todos os objetos, e entre eles os cântaros, se transportavam à cabeça". Identicamente nos cortejos rituais hindus, egípcios e assírios. Nas panatenéias gregas as cenéforas levavam na cabeça as oferendas.No Brasil dissemos "cabeçeiros". Na Ásia e oceânia, o fardo era levado nas costas, como faziam os Amerabas . na Ásia é hábito milenar levar a criança empacotada e posta no dorso da mãe ou da irmã mais velha ( China, Japão, Birmânia, Ceilão ). Entre 2.000 e 1.000 a.C. povos do mediterrâneo desenvolveram navios grandes e sólidos, em 1.000 a.C. os fenícios que viviam na costa leste, criaram uma grande frota de navios mercantes.Na antiguidade, não havia instrumentos de navegação, por isso os marinheiros não deviam perder a terra firme de vista. Os navios eram difíceis de pilotar porque não possuíam leme, os navegantes pilotavam seus barcos mediante um ou dois remos na popa. Os primeiros navios dispunham de apenas uma única vela, que funcionava bem somente quando o vento soprava por detrás, na falta de vento, fileiras de remadores movimentavam o barco.

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