Transportes
O
transporte desenvolveu-se lentamente na era pré-histórica, que vai até meados
de 3.000 a.C. nessa época não havia animais de carga, nem veículos com rodas e
nem estradas, todos viajavam a pé e levavam as crianças ou os pertences
amarradas nas costas ou na cabeça, as cargas muito pesadas eram penduradas no
meio de uma vara por duas pessoas. Um milhão de anos antes do homem, os animais
carregavam suas presas ou faziam suas reservas arrastando o material
comestível. Diziam que a vocação para empurrar pertencia aos ungulados, os
antigos paquidermes de Cuvier. Os felinos arrastam a caça, prendendo-a na boca,
e quando o presa é menor, atiram-na no dorso.
Abatida
a caça, o homem do paleolítico não podia transportá-la inteira, então a
decepava e cada um levava a sua parte. Para construir as cidades lacustres,
árvores de porte foram derrubadas, as vigas e barrotes foram arrastadas da
floresta através de trenós e carros de rojo.
O
carro de arrasto, seleia, rastilho, treineau, sledge, foi o primeiro veículo,
carro arrastado pelo braço do homem, dos troncos arrastados passaram a escavar
a medula dando lugar para as cargas e diminuindo o peso pelo aparamento. A tora
da árvore foi adelgaçando até tornar-se uma grande tábua resistente, uma
forquilha de arrasto. Da árvore arrastada nasceu o trenó e teve várias formas
dependendo do solo: curvo, bordo saliente, aduelado, duas vigas paralelas com
taliscas entremeadas. Primeiro ao rés do solo e depois mais suspenso da
superfície deslizadora dando mais conforto. Vê-se na ilha da madeira um carro
de rojo que desce as ladeiras de Funchal.
O
carro de arrasto transportou todo o material pesado, toneladas, para as
construções do Egito, Assíria, Pérsia, Babilônia e Europa megalítica, puxado
também pelos trabalhadores incas e astecas para as suas cidades de pedras,
templos, muralhas e palácios. Quatro mil anos a.C. havia a roda na mesopotâmia.
Começara maciça, inteira, girando presa ao próprio eixo como os carros de bois
do nordeste brasileiro, o tema foi estudado por Lowie, Ralph línton,
Birketh-Smith, Wooley e Haddon. A Europa usou a roda na idade do bronze, Wooley
em " estandarte de Ur", mostra cinco carros de rodas maciças, puxados
por onagros, três transportando guerreiros. O primeiro carro tinha duas rodas, com
um timão e dois animais de tração. Assírios e Egípcios usavam carros de rodas
raiadas com dois guerreiros.
Da
Ásia o carro correu para a Índia, China, Ásia Menor, Grécia, África. O carro de
duas rodas é uma constante mediterrânea " le symbole vivant de la civilization
méditerranéenne", segundo Krueger. Nos tempos históricos, os grandes
carros germânicos, carros-abrigos-fortalezas onde as mulheres e filhos
assistiam ao combate e nas horas do assalto participavam dele, eram puxados por
bois e de rodas inteiras. Quando os romanos enfrentaram os cartagineses na
Espanha, o carro chillón de eixos foi usado, bem como em Portugal. O carro de
rodas maciças no Brasil surge no quarto decênio do século XVI, a carreta de
raios, anterior, na seção castelhana do continente. Birket-Smith fala nos
desenhos escandinavos nas pedras e num relevo assírio, representando o
transporte do obelisco do rei Asur-NazirPal I, com dois carros de duas rodas.
Da
forquilha de arrasto, o homem pensou em colocar um toro de madeira sob os dois
varapaus rojantes, dos rolos debaixo dos paus arrastados, passou-se a fixa-los
fazendo cavidades em meia-lua, depois veio o estrado e as extremidades do rolo
sugeriram as rodas, salientes e rodando nas cavidades suportadoras do eixo, é
uma hipótese da Haddon e Tylor. O cavalo puxou o carro e depois foi montada de
guerreiro, caçador, pastor. Os ameríndios não sabendo da existência da roda não
tiveram carros, a roda era usada entre eles como brincos. Os cães arrastavam os
rastilhos dos caçadores de bisontes, carregados de carne, e os trenós dos
esquimós nas paragens geladas. O soberano inca era conduzido pelos súditos no
alto de um palanquim, a lhama também suportou pesos, mas o veículo essencial
foi o homem.
Usaram
a jangada (denominação malaia) os Tasmanianos, Polinésios que a chamavam de
pai-pai, egípcios do nilo superior, indígenas Amerabas, Aruacos e Tupís.
Flutuava nos oceanos americanos, no titicaca, nos rios da Califórnia, Nevada,
Arizona. Nas Antilhas desapareceu. A jangada foi o tranportador humano por excelência
nas épocas lacustres, sem leme, sem vela, sem remo, o homem empregou as mãos
para remar, como faziam os Maricopas do Arizona.
Thor
Heyerdahl com cinco companheiros, viajou de jangada com vela desde Callao Peru,
em agosto de 1947, atingindo a ilha Raroia de Tuamotu. William Willis sozinho
em jangada idêntica, em outubro de 1954, do mesmo porto, chegou à Polinésia, na
ilha Tutuila, Samoa.
O
bote de couro, redondo, foi usado no rio tigre até Babilônia ( Heródoto, clio
). Com ele o esquimó fere a baleia. É a pelota da América do sul e o bullboat
da América do norte, feito de couro de bisonte, se rasteja na Bretanha,
Pirineus e Tibet. O bote de cascas, de cortiça, viaja nos rios do Amazonas,
Pará e Zambeze na Austrália.
A
canoa, nome aruaco, piroga monóxila, esteve na Melanésia, Polinésia, Hindustão,
América, Sibéria, Oceania e lagos húgaros. De um a trinta remeiros, no século
XVI remando de pé como nos desenhos rupestres de Bohuslan, Haggéby, ingelstrup,
Suécia e Noruega. No neolítico europeu surge na Irlanda, Escócia, Suíça,
Alemanha, Itália, Báltico e mediterrâneo. Quarenta séculos a.C. aparece com
velas redondas no bojo da cerâmica pré-dinástica do Egito. Jangada com vela,
Ulisses construiu na ilha Ogígia fugindo dos braços de calipso ( Homero,
odisséia, V, 249-260 ), quando os argonautas viajaram para a Colchida, rumo ao
mar negro, a barca era impulsionada por remeiros deuses, semideuses, heróis,
mas ostentava uma vela quadrada.
No
Brasil usou-se a vela em 1635. Nos cronistas do século XVI não há registro. Com
vela e bolina uma jangada é vista pelo piloto Bartolomé Ruiz em 1526 no
pacífico, litoral do Equador. Nega-se a vela entre os Caraíbas, Nordenskiold em
"origin of the indian civilizations in south América", indica a vela
no império inca durante o período incaico, na América central e México. É uma
vela quadrada, para o Peru dos incas, uma vela triangular. No lago Titicaca
usavam-se velas de junco e capim nas balsas. Montezuma
espantou-se ao ver as velas no barco de Hernan Cortez e Von Hagen afirmou:
"Moctezuma was charmed and said that it was a great thing, this combinig
sails and oars together".
Informou
Wilhelm Giese: "Em todos os países do mediterrâneo, todos os objetos, e
entre eles os cântaros, se transportavam à cabeça". Identicamente nos
cortejos rituais hindus, egípcios e assírios. Nas panatenéias gregas as
cenéforas levavam na cabeça as oferendas.No Brasil dissemos
"cabeçeiros". Na Ásia e oceânia, o fardo era levado nas costas, como
faziam os Amerabas . na Ásia é hábito milenar levar a criança empacotada e
posta no dorso da mãe ou da irmã mais velha ( China, Japão, Birmânia, Ceilão ).
Entre 2.000 e 1.000 a.C. povos do mediterrâneo desenvolveram navios grandes e
sólidos, em 1.000 a.C. os fenícios que viviam na costa leste, criaram uma
grande frota de navios mercantes.Na antiguidade, não havia instrumentos de
navegação, por isso os marinheiros não deviam perder a terra firme de vista. Os
navios eram difíceis de pilotar porque não possuíam leme, os navegantes
pilotavam seus barcos mediante um ou dois remos na popa. Os primeiros navios
dispunham de apenas uma única vela, que funcionava bem somente quando o vento
soprava por detrás, na falta de vento, fileiras de remadores movimentavam o
barco.
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