Os Dedos
Polegares
Conta o historiador
Tácito autor de “Germânia”, que entre certos reis bárbaros os mais sagrados
compromissos se assumem juntando as mãos direitas e entrelaçando os polegares.
Quando, pela pressão, o sangue alcança a extremidade dos dedos, espetam-nos e
chupam-nos reciprocamente.
Dizem os médicos que os polegares são os dedos essenciais das mãos e que a
palavra de que derivam significa em latim “forte, poderoso”. Em grego o sentido
do vocábulo por que são designados é o de “outra mão”. Em Roma, os polegares
voltados para cima eram sinal de aprovação, disse o poeta romano Horácio: “teus
partidários te aplaudem levantando os polegares”. Ao contrário, o polegar
voltado para baixo era sinal de desfavor. Disse o poeta Juvenal: “quando o povo
baixa o polegar é preciso, para lhe agradar, que o gladiador seja morto”.
Os romanos excluíam do exército quem ferisse o dedo polegar, considerando que
não teria força bastante para empunhar armas. O imperador Augusto confiscou os
bens de um cavaleiro romano que decepara o polegar de seus filhos na primeira
infância, a fim de isentá-los do serviço militar. Antes dele, o senado, por
ocasião das guerras sociais, condenara Caio Vatieno à prisão perpétua e à confiscação
dos bens, por haver voluntariamente cortado o polegar da mão esquerda com o
objetivo de se esquivar à guerra.
Marinheiros antigos quando venciam suas batalhas navais mandavam decepar o
polegar de todos os prisioneiros para tirar-lhes a possibilidade de lutarem e
manejarem o remo das embarcações. Os atenienses fizeram o mesmo com os
habitantes de Egina para despojá-los da superioridade nas artes marítimas.
Na Lacedêmonia os professores puniam os alunos mordendo-lhes o dedo polegar.
Ensaios de Montaigne, certo?
ResponderExcluir