terça-feira, 16 de outubro de 2012

A CIÊNCIA COMO PRÓLOGO


A CIÊNCIA COMO PRÓLOGO









 
            Há séculos a ciência vem desafiando os caminhos do homem. Os babilônicos por exemplo, eram grandes geômetras e astrônomos; os egípcios, grandes agrimensores e médicos, e os filisteus, grandes engenheiros militares. Porém, mesmo com tantas descobertas e invenções, ainda há muito que se descobrir, muitos mistérios ainda encobrem o universo e os olhos do homem. Num tom de ceticismo, o poeta brasileiro Graça Aranha, bem definiu ciência: “a marcha da ciência é como a nossa na planície do deserto: o horizonte foge sempre”.
 
           Nos tempos da inquisição religiosa, afirmou o filósofo: “juro que a terra não se move, está parada”. Essa afirmação estava contida no ato de abjuração que o astrônomo Galileu Galilei, foi obrigado a ler diante dos juízes da inquisição por afirmar que a terra se movia. O sábio monge Cosmas Indicopleustes, no século VI d.C., afirmava que a terra tinha o formato de uma mesa, e estava fixa no centro do cosmos, e Rogério Bacon em seu livro “opus majus”, escrevera que o planeta terra era esférico e se movia.

          No entanto, outros problemas indagavam os cientistas medievais e renascentistas, como por exemplo, localizar “o paraíso terrestre”, o lugar perfeito na terra; achar os povos de Gog e Magog, que segundo o conquistador Alexandre da Macedônia, viveriam atrás de altas montanhas na Europa, descobrir o reino de Preste João, imperador cristão, que vivera na Ásia, procurar a árvore do sol e da lua, e prevenir os homens contra seres monstruosos que viviam nos confins do mundo, como os gigantes com um só olho no meio da testa, ou com dois olhos nos ombros e nos braços, ou os homens com um pé só, pés de cavalo ou cabeças de cães, aqueles mesmos seres monstruosos descritos pelos historiadores Plínio, o velho, e Diodoro Sículo.
 
            Os primitivos nômades e as antigas tribos, que esperavam o mar trazer “o sol à terra”, perceberam que certos grupos de estrelas, formavam desenhos que eram vistos de novo todas as noites, eram as constelações, essas constelações descreviam no céu desenhos circulares, o homem então aprendeu com elas a se orientar; os fenícios por exemplo, compreenderam a necessidade de ter leis astronômicas para suas viagens, baseavam-se para isso no sol de dia, e nas estrelas a noite, para chegar à beira do Atlântico. De um texto fenício lê-se: “ao longo das costas européias, o sol do meio dia, qualquer que seja o dia do ano, é mais baixo nos portos do norte, do que nos portos do sul”. Mais tarde observou-se que um astro podia aparecer sempre mais alto no céu, ou mais perto do horizonte, segundo a direção adotada; observou-se ainda que os raios do sol, da lua e das estrelas, formavam entre si linhas estreitas e paralelas, e que, portanto a terra se moveria, e na navegação, deveria seguir as leis do céu.
 
            Por volta de 3.000 a.C, haviam cientistas na Babilônia, na China, No Egito, Na Fenícia e na Índia. Em 2.637 a.C, na China, fez-se a primeira observação de um eclipse na história; em 1.100 a.C, foram determinados a eclíptica e sua inclinação sobre o Equador; e por volta de 500 a.C, os Caldeus descreveram o ciclo de saros, e os Egípcios, o ano trópico.

         Os cientistas mais antigos que a história registra pertenciam a escola Jônica, o primeiro deles foi Tales de Mileto, que viveu em torno do século VII a.C., Tales estudou remotos textos caldeus e egípcios, e concluiu assim que a terra era achatada e flutuava sobre o oceano. Os mapas já eram conhecidos na Mesopotâmia e no Egito, mas foi Anaximandro (611-547 a.C), o primeiro a fazer uma descrição concreta da superfície terrestre; introduziu ainda o relógio solar que permitia determinar os movimentos do sol, e também as datas dos dois solstícios e dos dois equinócios, foi o primeiro a observar as dimensões dos corpos celestes e a distância uns dos outros, acreditava que o sol, as estrelas e a lua, estavam encerrados dentro de anéis opacos e furados, girando ao redor da terra que ele imaginava chata e no centro do universo; o historiador Heródoto, depois de uma longa permanência no Egito, foi capaz de predizer o eclipse do sol de 585 a.C; Anaxímenes, achava que o universo era povoado de outros homens e de muitos mundos; Pitágoras acreditava que a terra e os demais planetas eram redondos; Filolau de Tarento, seu discípulo, sustentou que o nosso mundo não era o centro do universo, escreveu ele: “nosso planeta é como os outros, que gira ao redor de um fogo central situado sobre a face terrestre”; Eudoxo de Cnido, propôs a teoria das esferas homocêntricas ou concêntricas, e escreveu: “todos os corpos celestes se movem segundo um movimento uniforme, transportados por esferas cujo centro comum coincide com a terra”; no século IV a.C., esse sistema seria aperfeiçoado por Cálipo de Cízipo. Para Aristóteles, o universo seria composto por esferas de cristais, nas palavras de Aristóteles: “um punhado de globos encaixados uns nos outros”, e Aristarco de Samos no século III a.C., declarou que a terra efetuava diariamente, uma rotação sobre seu próprio eixo, e que ela girava em torno do sol, como todos os outros planetas, exceto a lua.
 
            “todos os grandes avanços da ciência nasceram de uma nova audácia da imaginação” (Dewey). Graças a audácia de Hecateu de Mileto, temos o primeiro estudo de topografia da história; pela mesma época e no mesmo ramo de estudo; Dicearco de Messina, concebeu a linha equatorial, que chamou de diafragma e intentou medir o arco do meridiano terrestre.

           Na civilização helenística, Alexandria era o principal centro da cultura científica; nela congregavam-se os maiores cientistas do mundo civilizado; nela Eratóstenes calculou a circunferência terrestre em 46 mil km, e construiu um mapa mundi; Hiparco de Nicéia seu contemporâneo, organizou o primeiro catálogo de estrelas e descreveu os movimentos do sol e da lua; e no século II d.C., Ptolomeu na obra “synthaxis” descreveu a sua teoria geocêntrica.

          Em Alexandria havia um museu rico de recursos científicos, com bibliotecas, observatórios astronômicos, jardins botânicos, zoológicos e salas de anatomia. Seu esplendor perdurou do século III a.C., ao século IV d.C., o renascimento, mais precisamente o século XVI em diante, conheceu, “Esmeraldo de Situ orbis” (1505) de Duarte Pereira; “cosmographie introductio” (1507) de Martin Wallzmuller; “cosmographicus líber” (1527) de Pedro Bienewitz; “opusculum geographicarum” (1533) de João Schoener; “cosmographia” de Simunster e “de revolutionibus orbium coelestium” de Copérnico. “A ciência”, escreveu Victor Hugo, “é ignorante e não tem o direito de rir-se. O inesperado deve ser sempre esperado pela ciência”.

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