terça-feira, 16 de outubro de 2012

O SEGREDO DA VIDA


O Segredo da Vida
 
“E disse Deus:  Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie, gado e répteis e bestas feras conforme sua espécie. E assim foi”. (Gênesis, cap. I:XXIV).
 
    O uso do termo elemento serviu na antiguidade clássica, para explicar a realidade, de uma certa maneira, explicava a realidade das coisas, no que a vida em sí se resumia, de como ela existiria através dos elementos naturais ou substanciais. O historiador Plínio, o velho, o chamou de “elementum”, o poeta Juvenal o chamou “elementa”, Suetônio, Prisciano e Horácio chamaram a atenção para a existência de quatro elementos. No século VI a.c., a escola de Mileto formulou pela primeira vez, uma teoria cosmológica  pré –científica, sobre a origem e a formação do mundo. De acordo com Tales de Mileto o fundador da escola, o elemento primordial do qual as coisas procedem e ao qual retornam, é a água, o Oceano cósmico, matriz e origem de todos os seres, para Anaximandro o princípio primordial era o apeíron, infinito ou indeterminado, do qual provém todos os seres finitos e determinados, e no qual os termos contrários quente e frio, seco e úmido, em luta uns com os outros são finalmente reabsorvidos, para Anaxímenes o elemento primordial era o ar, do qual as coisas resultam e ao qual retornam por um duplo movimento de condensação e rarefação, para Heráclito o elemento primeiro era o fogo que representava a natureza movediça e contrária do real. Pitágoras ensinava que a substância ou elemento primordial era o número, que significava harmonia a qual todas as coisas estão submetidas, para Filolau de Crotona a Terra era constituída pelo cubo, a água pelo icosaedro,o ar pelo octaedro e o fogo pelo tetraedro,um quinto elemento, que incluía os astros, era representado pelo dodecaedro,Empédocles de Agrigento não admitia apenas um , mas quatro elementos: ar, terra, fogo e água,como substâncias primordiais de todas as coisas,cujo nascimento corresponde a combinação desses elementos e cuja morte resulta de sua separação ou desintegração.
 
       A Terra é a origem e o suporte do estado sólido e da secura. Produzida por fusão ígnea ou por dissolução,a água dá a origem ao estado liquído e ao frio e os suporta,mais sutil,é o fogo que corresponde ao fluído etério,suporte simbólico da luz e do movimento dos corpos.Anaxagoras sustentava que “ tudo está em tudo”, pois “em cada coisa há uma partícula de todas as demais, o que permite explicar que umas se transformem nas outras.As homeomerias são esses elementos”.Representantes da Escola de Abdera, Leucipo e Demócrito fundam o atomismo,de acordo com o qual a realidade se constitui de átomos e vazio. Os átomos são os elementos, as partículas indivisíveis ou insecáveis e se distinguem uns dos outros pela forma,ordem e posição.
 
        Os átomos e o vazio,assim como o movimento,são eternos,e suas combinações,em número infinito,dão origem a formação dos diversos mundos.Platão em sua obra "Timeu" disse que a matéria prima não é nenhum dos quatro elementos, nem corpo algum que deles resulte,tais elementos têm formas geométricas e só se combinam com determinadas leis.De todos,o fogo é o mais leve,o mais móvel,o mais ativo,o ar menor que o fogo e a água, e a terra os mais pesados e vagarosos.Os quatro elementos engendram-se uns aos outros,a água se transforma em terra, o ar em  fogo,o fogo em ar o ar em água e assim indefinidamente.
 
     A teoria dos quatro elementos reaparecem na filosofia de Aristóteles “os elementos devem agir e reagir uns sobre os outros,e as quatro qualidades primordiais,que a eles correspondem,devem permitir quatro transformações ou combinações:a do quente e a do seco em fogo,a do quente e a do fluído em ar,a do frio e a do seco em terra.O fogo é assim,o excesso do calor,e o gelo o excesso do frio.
 
      No Renascimento Paracelso afirmou que os elementos são “ matrizes elementares em que as coisas são geradas e nas quais encontram a fórmula físico-química revelando suas propriedades universais”.Boyle em 1661 publica “sceptical chymist” e escreve: “entende-se por elemento,certos corpos primitivos e simples ou perfeitamente livres de qualquer mistura”.A teoria da evolução de uma célula viva,partindo de matéria inanimada é uma versão refinada da antiga geração espontânea de Aristóteles, a qual passo a passo fora desacreditada pelos fatos científicos.O filosofo Herbert Spencer escreveu: “ a vida é a adaptação  contínua das relações internas a relações externas”,para Lalande é um conjunto de fenômenos de nutrição e reprodução que para os seres dotados de grau suficientemente elevado de organização,se estendem do nascimento até a morte, para Beutner “a vida é uma das muitas propriedades do carbono”,para M.Ford e E.Monroe  vida é uma célula com ácidos nucléicos.S.A.Arrhenius lançou a idéia da panspermia cósmica,segundo a qual a vida terrestre teria nascido de micro organismos ou espórios disseminados no sistema solar pela pressão da radiação,Huxsley e Tyn Dall afirmavam que  a vida poderia ter surgido da combinação de substâncias inorgânicas,Schimidt resumiu vida como o modo de ser do protoplasma,W.Pirier defendeu a tese de que as palavras vida e vivo carecem de sentido e não serviriam mais,porque toda qualidade que se queira encarar como requisito mínimo de vida sempre se pode encontrar em seres indiscutivelmente não vivos ou deixar de encontrar em outros indiscutivelmente vivos, para Carl Sagan a origem  da vida se explicava em quatro categorias e uma delas era a de que a vida resultou de algum evento sobrenatural,para sempre fora do alcance do poder analítico da física e da química e Oparim exordiu que a vida surgiu através da fermentação e oxidação.
 
      Evidentemente a vida de cada um de nós não se resume a todas essas teorias científicas sobre elementos e substâncias,é algo que transcende a tudo isso,algo imprescindível,valioso,particular.

     O poeta Lord Byron bem definiu vida: “a vida é uma estrela que resplandesce no horizonte,no próprio limite de dois mundos,entre a noite e a aurora.Quão poucos sabemos o que somos,quanto menos sabemos o que vamos ser. As eternas ondas do tempo continuam se agitando,violentas,e transportam para longe nossas bolhas de ar,quando umas delas rebenta,surge outra,produzida pela espuma dos séculos,enquanto impérios se erguem aqui e acolá,como ondas fugazes” e Fénelon disse: “talvez a vida não seja senão um sonho contínuo,e o momento da morte será,então,o acordar súbito”.

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