"Pensai
nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra". (Colossenses
cap. III,II).
Por
volta do ano de 1610, em Pisa na Itália, escreveu o astrônomo Galileu Galilei:
"a cerca de dez meses chegaram aos meu ouvidos boatos de que um certo
Zacharias teria fabricado uma luneta, e que graças a ela viam-se os objetos
celestes com tanta clareza como se estivessem próximos de nós. Desprezando
cansaço e despesas, consegui fabricar uma tão perfeita, que os objetos vistos
parecem até mil vezes maiores e trinta vezes mais próximos". A luneta do
holandês Zacharias não era muito boa, e a de Galileu permitiu a ele descobrir
os satélites de Júpiter, as manchas do sol e da lua, e os anéis de Saturno.
Para contemplar o céu, edificaram os
homens construções concisas, como os observatórios. Os primeiros de que se tem
notícia, foram construídos na China e na Babilônia pelo ano de 2300 a.C., os
primeiros observatórios conhecidos no mundo ocidental, datam do século 4 a.C.,
o então construído em Alexandria por Ptolomeu Soter, impulsionou a evolução da
ciência astronômica. Todavia, por muitos séculos, a Pérsia e a China lideraram
este setor. O primeiro observatório de características atuais foi construído
por Tycho Brahe em 1567 na ilha Hveen, na costa meridional da Suécia.
O
círculo de pedras megalíticas stonehenge, situado na planície de Salisbury
Grã-Bretanha, é formado por vários círculos concêntricos de menires, com
alturas entre 3 e 6 metros, provavelmente construído no ano 2500 a.C., na idade
do bronze. Os astrônomos Gerard Hawkins e mais tarde Fred hoyle, sugeriram que
o círculo de 56 fossas denominado de Aubrey, servia para os construtores de
stonehenge preverem os eclipses e predizerem o ano no qual a lua iria atingir
os seus azimutes máximos.
Stonehenge
está associado com o célebre triângulo dos ciclos-calendários-eclipses, um
triângulo cujo os lados relacionam entre si os intervalos de tempo entre os
meses lunares "M", os anos trópicos "T", e os anos eclipses
"E". Do lado esquerdo desse triângulo, estaria representado o
problema do calendário lunissolar, que foi tratado pelo astrônomo grego Méton em
432 a.C., quando descobrira a relação 19 T igual a 235 M. A base do
triângulo fornece a relação que governa a repetição dos eclipses durante um
determinado número de anos-eclipses. O astrônomo inglês Halley sugeriu a
solução 223 M igual a 19 E, 56 anos trópicos equivalem a 59 anos-eclipses, tal
relação permite prever os eclipses do sol e da lua nos solstícios a cada 9 ou
10 anos. A lua irá aparecer sobre uma determinada cratera de stonehenge num
intervalo de 19 anos, que é também o ciclo lunissolar descoberto por Méton na
Grécia antiga.
Uma
anotação feita pelo arqueologista inglês R. Newall em 1959 descobriu uma
referência do historiador Diodoro Sículo do século 2 a.C., no qual ele afirma
que existia na ilha interdória um templo hiperbório, no qual Deus surgiria num
intervalo de 19 anos; outra citação foi encontrada por G. Santillana na obra do
grego Plutarco chamada "Íris e Osíris", que fala sobre um "demônio
dos eclipses". Tyfon, segundo o astrônomo Eudoxos (408-455 a.C.),
acreditava que na órbita lunar se localizava o dragão devorador de astros.
"esconder-se-ia
alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? Diz o senhor. Porventura não
encho eu os céus e a terra? Diz o senhor". (profeta Jeremias cap.
XXIII, XXIV). Os homens, desde os mais primitivos, sempre contemplaram os céus;
sua infinitude e segredo sempre despertaram no homem o anseio de ir mais longe.
Vários homens ao longo da história humana tiveram suas vidas mudadas pelo céus:
Abrãao, Isaque e Jacó, Moisés, Isaías, Daniel, Ezequiel, João, Paulo; nossa fé
não seria a mesma se o mover dos céus não tivesse agido na vida desses homens,
nossa história não teria fundamento se eles não tivessem existido. "eis
que os céus e os céus dos céus são do senhor teu Deus, a terra e tudo que há
nela". (livro de Deuteronômio, cap. X,XIV).
Não
bastava para o homem contemplar o céu da terra, era preciso alcançá-lo e várias
foram as tentativas. A lenda de Ícaro e o carro de fogo do profeta Elias o
demonstram. O beneditino inglês Oliver de Malmesbury em 1060, teria perecido
num acidente de aparelho alado de sua construção; Rogério Bacon o célebre
humanista do século XIII em seu "de mirabile potestate artis et
naturae" e na sua "historia naturalis et experimentalis", teria
afirmado ser possível um invento "capaz de voar por seus próprios meios
levando passageiros". Leonardo da Vinci deixou concatenados em seu
"codige sul volo degle ucelle", vários desenhos com estudos sobre o
vôo das aves, esboçando no "Codex atlanticus" diversos dispositivos
mecânicos para planadores adaptados ao corpo, e até mesmo o projeto de um
helicóptero com hélice. Gian Battista Danti, matemático e físico italiano,
segundo crônicas contemporâneas, realizou vôos por sobre o lago Trasimeno em
1494, ficando aleijado em consequência de uma queda sofrida no curso de uma
destas experiências sobre a catedral de São Marcos em Veneza. João Muller,
matemático alemão, também teria em 1430, efetuado um vôo de 1200 passos em Nuremberg.
Há referências a vôos de Guidotti, na Itália, Alland em Paris, Bernain em
frankfurt e ainda na França de Bernie e Bacqueville em fins do século XVII, bem
como de Blanchard, Lannoy e Bienvenu em 1783 e 1795.
A
primeira ideia de utilizar um aparelho mais leve que o ar, foi do jesuíta
italiano Francisco de Lana Tersi, que em sua obra "prodomo overo saggio de
alcune invenzione nuove", publicado em 1670, depois de fazer um resumo das
invenções conhecidas, descreveu uma "nave volante suspensa por quatro balões
esféricos metálicos", ideia que lhe veio à cabeça observando um garoto
soltando bolhas de sabão. As esferas de cobre eram cheias de água e
esvaziando-as, produzia-se o vácuo, ao corpo do invento era fixada uma vela
triangular para movimentá-lo.
"quando
vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparastes, o
que é o homem mortal para que te lembres dele? Pois pouco menor o fizeste do
que os anjos. Ó senhor, senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre
toda a terra". (Salmo VIII). De um universo composto por esferas de
cristal como acreditavam os gregos, a uma terra sustentada por elefantes, como
acreditavam os Maias, os homens sempre contemplaram um céu misterioso, o céu
dos mitos e dos tabus, o céu da glória dos antigos profetas, o céu dos anjos,
dos carros alados das religiões orientais, e das invenções para alcançá-lo. O
lugar do homem é justamente a terra para dela contemplar os céus. "os
céus são os céus do senhor, mas a terra a deu aos filhos dos
homens". (Salmo CXV, XVI).
"e
sucedeu que, indo eles andando e falando eis que um carro de fogo, com cavalos
de fogo os separou um do outro, e Elias subiu ao céu num redemoinho"
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