terça-feira, 16 de outubro de 2012

MAGIA


MAGIA









 
Os povos da antiguidade como babilônicos, persas, egípcios, etruscos e filisteus já praticavam a adivinhação e evocavam as sombras dos espíritos mortos. No livro sagrado são conhecidas as fantásticas proezas realizadas pelos magos do faraó com Moisés e Arão, lê-se no livro de Êxodo (VII-XI, XII): "e faraó também chamou os sábios e encantadores. Porque cada um lançou sua vara, e tornaram-se em serpentes, mas a vara de Arão tragou as varas deles". Até que os magos se renderam e deram a explicação dos prodígios alcançados dizendo: "isto é o dedo de Deus". No livro de Gênesis capítulo 40, José adivinha o futuro em sonhos, a chamada Oniromancia, e no capítulo 41 José interpreta os sonhos de um Faraó. No livro de 1Samuel (cap. XXVIII,XI-XV), a pitonisa de Endor teria evocado ante o rei Saul o falecido profeta Samuel: "a mulher então lhe disse: a quem te farei subir? E disse ele: faz-me subir a Samuel. E o rei lhe disse: não temas que é que vês? Então a mulher disse a Saul: vejo deuses que sobem da terra. E lhe disse: como é a sua figura? E disse ela: vem subindo um homem ancião, e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra e se prostrou. Samuel disse a Saul: porque me inquietaste, fazendo-me subir? Então disse Saul: muito angustiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim e Deus se tem desviado de mim e não me responde mais, nem pelos profetas, nem por sonhos, por isso te chamei, para que me faças saber o que hei de fazer". No livro de Deuteronômio (XVIII,X-XII) lê-se: "entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho, nem adivinhador, nem prognosticador, nem feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos, pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao senhor". Em Atos dos Apóstolos (cap. VIII) lê-se sobre Simão, o mágico: "e estava ali um certo homem chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido o povo de Samaria dizendo que era uma grande personagem. E atendiam-no, porque desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas". E no mesmo livro de Atos lê-se sobre um certo Elimas: "mas resistia-lhes Elimas, o encantador" (cap. XIII,VIII).

 
O poeta grego Homero em sua obra Odisséia, escreve que Ulisses consultou os mortos com a ajuda de Circe, o historiador Heródoto em suas "histórias" conta que Periandro, um dos sete sábios da Grécia mandou consultar a sombra de sua mulher degolada por ele mesmo, segundo o historiador Plutarco, também Pausânias evocou a sombra de uma jovem que mandara matar e Calandas evocou a sombra de Aquilau, também por ele assassinado. Conta-nos Platão que Daimon avisara a Sócrates para que não permitisse Charmide de ir a Mênea, ela foi e acabou perecendo. Segundo uma lenda, conta-se que o filósofo grego Aristóteles teria dado a Alexandre Magno um tratado de Quiromancia astrológica escrito em letras de ouro, achado num altar dedicado a Hermes e teria dito o filósofo: "as linhas não estão escritas sem nenhuma razão nas mãos dos homens, provindo de seu destino e influência dos astros". O orador romano Cícero recolheu e analisou adivinhações e aparições nos tempos de Bruto. Segundo o poeta satírico Juvenal, o imperador Augusto exercia a Quiromancia. O poeta Horácio aludiu sobre encantamentos entre povos da antiguidade. O historiador Columela escreveu sobre a existência de um feiticeiro de nome Dardánus. O poeta Lucano falou de uma feiticeira chamada Ériton fera, que habitava a Tessália, Ériton seria lembrada na Idade média pelo escritor italiano Dante Alighiere. O poeta romano Petrônio conta que no antigo império de Roma crianças eram roubadas por feiticeiros, para preparar seus feitiços. O historiador Suetônio informa que o imperador augusto mandou queimar durante seu império mais de 2.000 livros sobre feitiçaria. O historiador Tácito fala da aparição de uma mulher de forma ultra-humana. O poeta Lucano ainda falou de evocações que eram praticadas em lugares inóspitos de Roma. Plínio o jovem, e Plínio o velho, aludiram sobre aparições e casas mal-assombradas e a comédia "hospedaria" do poeta Plauto é dedicada a fantasmas.
Os Aissauas da áfrica eram conhecidos por comerem vidros e pedras com carvões em chamas, alhallay o mais famoso deles, teria materializado um pedaço de pão no deserto. Um manuscrito chinês datado de 1035 a.c, relata que houveram aparições de seres fantásticos, objetos atravessavam as paredes, ouvia-se vozes esparsas e música, isso nos primeiros impérios da China. Hipólito e Júlio Obséquens falam-nos de produtores de efeitos físicos usados por médiuns e feiticeiros trapaceiros na idade média. São bem conhecidos pela mesma época os truques de Cagliostro que se dizia ser "filho do divino".

 
Introduzidos em Roma por volta do 1º século a.c, os cultos e mistérios gozaram sempre dos favores públicos e privados por parte da nobreza. A magia tinha seus fervorosos na Plebe e nos escravos. Nos tempos de Catão a magia já era perseguida e inúmeras foram as leis que a proibiam. A lei das doze tábuas, por exemplo, punia àqueles que praticavam magia. Tibério expulsou da cidade os sacerdotes egípcios e proibiu seu culto, já Calígula admitiu os cultos e quando o templo de Ísis foi destruído por um incêndio em 80 d.c, Domiciano o reedificou. Nero sentia prazer em homenagear a deusa síria atargátis, e Cláudio reformou a liturgia de Cibele e átis.

 
A magia era exercida antigamente por mulheres horrendas. Segundo Horácio "por mulheres velhas". Plínio o velho, citou em sua "história naturallis" o nome de dois papiros mágicos: vírus lunar e fiteuma estergetron, haviam ervas usadas pelas feiticeiras denominadas mistagogos, pastóforos, nartecóforos. Catão transmitiu-nos uma fórmula capaz de curar entorses: "notas uaetas daries, dardaris astataries dissunapiter". Apuléio escreveu "de magia líber"; Sófocles "rhizotomoi"; e Horácio escreveu "canídia" e "ságana".

 
A pátria habitual das feiticeiras era a Tessália por sua riqueza em ervas medicinais e plantas milagrosas. Segundo a mitologia, quando Hércules passou por lá com o famigerado Cerbéro atrás, este deixou escorrer sua baba venenosa em cima de certas plantas que se tornaram as prediletas das feiticeiras. Haviam ervas capazes de transformar criaturas humanas em ursos, lobos e até leões, conforme se lê nas obra de Homero e Ovídio. Essas transformações sofreram os companheiros de Ulisses por parte de Circe. As plantas mágicas eram apanhadas no clarão da lua com uma pequena foice de bronze, pois o ferro era considerado nocivo à magia, as mulheres deixavam os cabelos esparsos pelos ombros, usavam vestes flutuantes, um pé descalço e amuletos, colhiam ervas que cresciam ao redor de sepulturas em cemitérios, a essas ervas se juntavam sapos, partes humanas, o líquido mucoso tirado da égua quando estava no cio, cabelos, ossos de defunto e fragmentos de unha.


 Algumas feiticeiras foram acusadas de violar cadáveres de crianças, outras matavam de fome meninos inocentes e com suas entranhas preparavam os feitiços. Hécate, a deusa das encruzilhadas, era a divindade propícia às feiticeiras e com sua presença tremia a terra, baixava do céu e nos eclipses seu brilho se tornava mais intenso. O poeta Virgílio escreveria no antigo império déspota romano: "carmina vel caelo possunt deducere lunam" (os encantamentos podem mesmo fazer a lua descer do céu); e Bossuet mais tarde escreveria entre os absolutistas franceses: "tudo era Deus, exceto o verdadeiro Deus".

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