Os
Correios Na Antiguidade
Conta o historiador Estrabão que para anunciar a vitória dos gregos sobre os
persas em 490 a.c, o soldado Feidípedes correu 37 km do campo de batalha na
planície de maratona até a cidade de Atenas, e quando chegou, caiu morto; na
antiga Pérsia, a notícia transmitida oralmente chegava ao destino desejado
trinta vezes mais depressa do que se fosse levada por um mensageiro a cavalo;
entre os indígenas africanos e sul-americanos as notícias eram dadas através de
batidas em tambores, outros povos primitivos usavam ao invés de tambores,
instrumentos de sopro. Nos tempos de Alexandre Magno, as mensagens eram dadas
através de tochas acesas em lugares altos, tais mensagens iam da índia à Grécia
em cinco dias.
A civilização Egípcia da 19ª dinastia gravava suas cartas em baixo relevo sobre
ladrilhos de cerâmica. Ao dirigir-se ao Faraó, um vassalo egípcio deveria
escrever: “ao rei, meu senhor, meu sol, sol do céu, assim fala Yapakhi, o homem
de Gazri, teu servo, pó de teus pés, servo de teus cavalos, aos dois pés do rei
meu senhor, eu vos prosterno sete vezes, e sete vezes na verdade com o ventre e
as costas”. O historiador grego Xenofonte, em uma de suas obras descreve, por
exemplo, a organização do correio persa: “eis uma invenção utilíssima... por
meio dela, Ciro é prontamente informado de tudo que acontece nas regiões mais
longínquas. Sabendo a distância que um cavalo pode percorrer num dia sem
esforço, ele mandou construir cavalariças ao longo de todas as estradas, situando-as
a igual distância umas das outras, e guarnecendo-as com homens e cavalos em
cada uma delas, uma pessoa de certa importância recebia as cartas dos
mensageiros, e hospedava os homens e os cavalos que chegavam cansados, tomando
providências em caso de infortúnio”. No livro de Reis (X,VI-VIII) lê-se: “então
segunda vez lhes escreveu outra carta Jéu dizendo: se fordes meus, e ouvirdes a
minha voz, tomai as cabeças dos homens filhos de vosso senhor e vinde a mim
amanhã, a este tempo. Sucedeu que, chegada a eles (filhos de Acabe) a carta
tomaram os filhos do rei e os mataram, setenta homens e puseram as suas cabeças
em cestos e lhes mandaram a Jezreel, e um mensageiro veio e lhes anunciou
dizendo: trouxeram as cabeças dos filhos do rei. E ele disse: ponde-as em dois
montões à entrada da porta até amanhã”.
A história registra, por exemplo, o caso de um certo Isteo que por volta de 500
a.c, desejando aliciar mais gente para seu movimento, decidiu escrever à
um outro insatisfeito de nome Aristágora, não queria porém que sua mensagem
caísse em mãos indevidas, e para evitar esse risco raspou a cabeça de um
escravo, escreveu o comunicado sobre o couro cabeludo do rapaz, esperou que
seus cabelos crescessem novamente e só então enviou a mensagem, Aristágora com
uma tesoura pôde então tomar conhecimento do texto secreto. Cretenses e
fenícios também tiveram seus correios e faziam despachos aéreos através de
pombos e andorinhas; os chineses por volta de 4.000 a.c, já tinham serviços
regulares de correio. O viajante italiano Marco Polo, quando esteve no Oriente
no século 13, aludiu sobre os correios da China: “por todas as estradas, o
mensageiro que partisse de Cambaluc e cavalgasse por 40 km, encontrava um
belíssimo e enorme palácio destinado aos mensageiros, com camas guarnecidas de
lençóis de seda”. Os correios de Khan (o imperador) possuíam mais de 200
cavalos, em casos urgentes, os mensageiros montados percorriam até 400 km em um
só dia, haviam casos de viajarem 450 km em 24 horas.
César relata que Víbulo Rufo, desejoso de entregar rapidamente certa mensagem à
Pompeu, galopou dia e noite mudando de cavalo em caminho para chegar mais
depressa. O historiador Suetônio informa que Júlio César fazia 100 milhas por
dia em um carro de aluguel, e era um intrépido viajante, pois quando algum rio
lhe cortava o caminho, ele o atravessava a nado, sem se desviar sequer da
direção desejada para procurar uma ponte. Tibério a fim de visitar seu irmão
Druso, que estava enfermo na Alemanha, percorreu 200 léguas em 24 horas;
viajava com três carros. Durante a guerra dos romanos contra o rei Antíoco,
Semprônio Graco, escreveu o historiador Tito Lívio, “foi em três dias de
Anfissa à Pela, revezando de cavalo e marchando com incrível rapidez”. Para
comunicar-se com os seus, Cecina imaginou um meio mais rápido: levava consigo
andorinhas e, quando queria enviar notícias, soltava-as depois de tê-las
pintado com as cores convencionadas de acordo com o que desejava transmitir. Em
Roma, os chefes de família que iam ao teatro, levavam pombos aos quais
amarravam cartas e que soltavam quando precisavam enviar algum recado aos de
casa, e os pombos eram adestrados a trazerem as respostas. D. Bruto, sitiado em
Módena, empregou esse processo. No Peru, o correio era feito por homens que
carregavam as encomendas nos próprios ombros, mostravam tanta agilidade, que a
mudança dos transportadores se faziam sem que precisassem parar ou reduzirem a
marcha. Os valáquios empregavam nos correios a serviço do sultão, cavalos
extremamente velozes que eram trocados a cada estação.
Roma possuía uma rede de estradas com cerca de 300.000 km de extensão, ou seja,
4 km de caminhos para cada cem km quadrados de territórios, isso facilitava
muito o trabalho dos mensageiros, conhecidos como “tabellarii”, por conduzirem
as “tabellae”, pranchetas de madeira enceradas, sobre as quais as mensagens
eram escritas com estiletes de metal ou ossos, para transportar cargas leves,
os romanos usavam o “cisium”, uma biga puxada por dois cavalos velozes, já as
encomendas de maior porte e menor urgência eram enviadas pelas “clábulas” e
pelas “birotas”, puxadas por bois ou mulas.
Segundo o historiador Plínio, o velho, Felípedes percorreu a distância de 1.160
estádios em apenas dois dias, o mesmo Plínio ainda informa que Júlio César
podia escrever sobre um assunto e ditar outro assunto a seus secretários e as
mensageiras de Alexandre, o grande, segundo informa o historiador Filon de
Alexandria, foram de Sicyon à Elis em apenas um dia.
e os correios a via de cavalo
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