terça-feira, 16 de outubro de 2012

A HISTÓRIA DAS MOEDAS


A HISTÓRIA DAS MOEDAS












 
            Até meados do século XIX, os historiadores europeus eram unânimes ao afirmarem que os romanos da antiguidade nunca tiveram contato com o extremo oriente, e que o comércio era feito por meio de mercadores instalados em entrepostos em Alexandria, cidade do norte africano. Mas tal teoria fora desfeita, pois “Sestércios”, moedas cunhadas por Maximiliano I imperador romano de 235 à 238, foram descobertas no extremo sul da península Indo-Chinesa. Como tais moedas romanas chegaram à extrema Ásia ninguém sabe, mas, uma interpretação histórica errônea foi deixada de lado graças a Numismática (do grego Nomisma = moeda), aquele que coleciona moedas.
            Ser numismata não é novidade. Na renascença, séculos XIV à XVI, o interesse por conhecer e identificar os personagens da antiguidade clássica levou alguns estudiosos a se aplicarem ao estudo de velhas moedas. Na idade média os poetas italianos Petrarca (1304 à 1374) e Politianus(1454 à 1494), colecionavam moedas, muito antes deles, os imperadores romanos Trajano(98 à 117) e Adriano(117 à 138), dedicavam-se a colecionar moedas como um simples passatempo. O próprio Augusto (27 a.c à 14 d.c), guardava moedas para depois oferecê-las como presente ou prêmio aos amigos e aos melhores servidores. Foi em sua época que se tornou hábito engastar moedas antigas em colares e outras joias.
            Barras de metal representaram um passo à frente, mais o uso levou à constatação de que o metal precisava ser sempre pesado, isto é, ele deveria ser conferido para cada transação. À medida que as peças de metal passaram a ter peso uniforme, identificado pelos caracteres gravados, sua confecção ficou a cargo de pessoas autorizadas pelo governo. Nasceu assim a moeda.
            Mas a moeda não foi a única forma pela qual o dinheiro foi representado. Os ameríndios, por exemplo, trocavam animais mortos, conchas marinhas eram usadas por tribos africanas, entre os romanos o sal era usado como moeda, na América do norte, usou-se o “wanpun”, um objeto confeccionado com tiras de couro, era usado como moeda em transações com os brancos nos séculos XVII e XVIII. Há mais de 2.000 anos Aristóteles afirmava que antes do uso de moedas, os homens trocavam bens que lhes sobravam por bens que lhes faltavam. Na Melanésia usava-se como moeda uma longa tira de fibra ornada de plumas vermelhas, acrescidas de conchas inteiras ou talhadas, na China, antes da difusão das moedas e mesmo após seu surgimento, no final do século IV a.c, usou-se como moedas, objetos com formatos de enxadas e facas nas transações. No pacífico ocidental, usou-se como moeda o “kula” e na África central usou-se o “malaki” e o “bilaba”. Na antiguidade clássica usaram-se colares de dentes e ossos, braceletes, plumas, pérolas, fragmentos de pedra e metal, peças de cerâmica e restos de tecidos. Segundo o historiador Heródoto, as primeiras moedas foram cunhadas na Lídia (na Ásia menor, século VIII a.c), transmitidas pelos Partas, cujo império fundado entre os séculos III e II a.c, se estendeu do rio Eufrates ao Afeganistão. Eram peças ovais feitas de eléctrum (liga natural de ouro e prata encontrada em rios). Dessa região litorânea, o uso de rodas de metal como dinheiro difundiu-se para o leste e para o sul, para a Pérsia, ilha de Egina, chegando à Grécia, da Grécia para Roma e desta para a Índia.
            As primeiras moedas originárias da Lídia no século VIII a.c, tinham estampas das mais variadas, o primeiro soberano a dar às moedas um caráter oficial foi Gigés(685-652 a.c), suas moedas eram feitas de eléctrum, nelas eram impressos, o seu selo real. Creso(560-460 a.c) rei da Lídia, como fora Gigés, tornou-se famoso pela sua riqueza, sua moeda era o dracma, e era cunhada em ouro, com a estampa de um leão e um touro. As colônias gregas da Ásia menor cunhavam moedas de 1,16 gramas, trazendo impressa a cabeça de um leão. Fidom, rei de Argos em Peloponeso, foi o introdutor da moeda na Grécia continental, sua moeda trazia estampada uma tartaruga, animal dedicado à deusa Afrodite. Corinto no século VII a.c, cunhava moedas de prata pesando 7,5 gramas apresentando um pégaso. A ilha de Tassos cunhava dracmas de prata, trazia impressa a dança de um sátiro com uma ninfa.
            Em Roma as primeiras moedas eram grandes peças de bronze, de forma circular, tão pesadas (1500 g), que tinham de ser fundidas e não cunhadas. Eram conhecidas como “aes grave” (bronze pesado), depois as “aes rude” (moedas de peso determinado), substituíram as primeiras. A unidade monetária do império romano manteve-se sempre mais estável do que a dos gregos. Mas foi imitando os Helenos que os romanos cunharam moedas de prata, usadas no comércio com todos os povos do Mediterrâneo. Do tempo de Carlos Magno data a lira de prata que deu origem ao nome da moeda inglesa do latim libra. A moeda romana mais importante era o “denárius”, que originou a palavra dinheiro. Os primeiros denarii, tinham no anverso a efígie da deusa Roma (dea roma), símbolo do estado romano, e no reverso a efígie dos gêmeos Castor e Pólux, heróis da mitologia grega, com uma estrela sobre suas cabeças. A segunda moeda em importância era a Victória, pesando a metade do Denarius em prata cunhada para transações com outros povos. Sestertius e dupondius eram os nomes das moedas em bronze, cujo o valor era de um quarto e um oitavo de denarius, respectivamente “aes”, era moeda de cobre.
            No fim do século VII uma nova moeda de prata começou a ser cunhada na Inglaterra e na França. Na Inglaterra era chamada Penny, e na França Denier, do latim denarius. A mais famosa das antigas moedas de ouro era o florim, introduzido em Florença, por volta de 1252, seguido pelo ducado, moeda veneziana de ouro que data de 1284. Veneza adotara uma moeda de prata mais pesada, o ducado de prata ou grosso, em 1202, e a França o Gros tournois, em 1266. Na Inglaterra surgiu o nobble de ouro de 1344 e o groat de prata de 1351. Uma moeda de prata equivalente a uma libra chamada lira litron, foi primeiramente cunhada em Veneza em 1472, isto deu origem à uma série completa de moedas conhecidas como testones (do italiano testa) por reproduzirem a cabeça dos governantes. A moeda thaler era cunhada nas ricas minas de prata de St. Joachimsthal, na Boêmia. Do nome dessa moeda originou-se a palavra dólar.
            Muitas moedas européias dos séculos XIV e XV eram feitas de uma liga de metal (o bilion), na qual se colocava mais cobre do que prata, não tinha estabilidade e era fácil sua falsificação. Hoje em dia as únicas moedas cunhadas em prata são as maundy, finas peças de 1, 2, 3, 4 pennies, feitas anualmente na Inglaterra para serem distribuídas pelo soberano no maundy Thursday (quinta-feira santa).
           


“Não há homem que aceite conselho, mas todos aceitam dinheiro, logo, dinheiro é melhor que os conselhos” (Jonathan Swift). 

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