sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

MAR: EXPLORAÇÃO E EXPLORADORES

MAR: EXPLORAÇÃO E EXPLORADORES
 

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"Os navios de Társis, eram as tuas caravanas... O vento oriental te quebrantou no meio dos mares". (Ezequiel-27:24-26). 



 
 

Primeiro grande explorador que se tornou conhecido na história, foi um egípcio chamado Henu, que viveu há 4.000 anos. Naquele tempo, os Egípcios acreditavam que o mundo era como um disco achatado cercado de água, essa água era chamada de “rio celestial”. Pensavam que o rio Nilo, fluía desse rio através de uma caverna situada ao sul numa montanha.

Os Egípcios foram hábeis artesãos e engenheiros, mas gostavam pouco do mar. Ainda assim, fizeram no ano de 2007 a.C., sob o comando de Henu, uma viajem marítima até Punt (no mar vermelho da Somália). Essa terra de Punt era rica em ouro, marfim, incenso e mirra, que era usada pelos Egípcios para embalsamarem seus mortos. Henu conduziu sua expedição através do deserto até a extremidade norte do mar vermelho. Lá os Egípcios construíram seus navios e foram para Punt, ao chegarem, mandaram gravar numa pedra a história dessa extraordinária viagem.
Os navios de Henu tinham o fundo chato, a popa e a proa eram salientes. Eram fabricados de pequenos pedaços de madeira encaixados uns nos outros e reforçados com cordas de couro cru. Tinham um mastro em forma de V invertido e apenas uma vela. Eram pilotados por rústicos lemes instalados nos lados. Quando não havia vento, eram os remadores que impeliam a embarcação.
 
 
Outros povos dos mares foram os Minoanos. Eles viviam na ilha de Creta, e eram o oposto dos Egípcios que amavam a terra; eram grandes navegadores e suas riquezas provinham do comércio marítimo, explorando todo o mar Mediterrâneo. Usavam pequenas embarcações em forma de banheira com uma única vela; assim como os Egípcios, só as usavam quando o vento soprava por trás, pois ainda não sabiam como aproveita-lo melhor. Não tinham âncoras, não tinham meios de cozinhar a bordo e nem espaço para deitar; sendo obrigados a desembarcar para comer, dormir e juntar suprimentos.
 

 
Por volta do ano de 1400 a. C., invasores bárbaros conquistaram Creta, e o rico comércio do Mediterrâneo caiu nas mãos dos Fenícios. A Bíblia se refere aos Fenícios como “mercadores dos povos”, e diz que seus navios “ingressam em grandes águas”. No século IX a. C., as embarcações fenícias já não tinham o formato de banheiras, eram compridas e estreitas, com quilhas apropriadas e dispunham de âncoras feitas de sacos de pele cheios de pedras. Foram os Fenícios que aprenderam a cobrir o convés e a construir navios grandes para conter uma fila dupla de remadores, eram os birremes. Por volta do século VII a. C., as embarcações fenícias já tinham passado pelo Oceano Atlântico, estreito de Gibraltar, costa ocidental da Europa e Inglaterra.
 
 
 
 
O mais notável explorador Grego foi Alexandre, o grande, rei da Macedônia. No tempo de Alexandre, os filósofos acreditavam que a terra era redonda. Alexandre não tinha ideia de onde a terra acabava, mas queria chegar lá. Em 334 a.C., ele cruzou o Helesponto (Dardanelos), passando da Europa para a Ásia, e ancorou com seu exército na planície de Tróia; daqui foi para a Frígia (nos mares Mediterrâneo e Negro), invadiu a fenícia, apoderou-se do Egito e conquistou o império persa.
 
Em 327 a.c., marcha para a Índia. Abriu caminho pelos desfiladeiros do Indu Kuch e depois seguiu para o sul. Estava a 16 mil quilômetros distante de sua terra e tinha levado 8 anos para isso. Alexandre explorou o rio Indo até o oceano índico e depois iniciou sua viajem de volta. Em 323 a.c., Alexandre morre e pede para que suas duas mãos sejam deixadas balançando no ar fora do caixão, à vista de todos, para que pudessem ver que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos.
 
 
Pítheas de Massália, outro grego, era astrônomo e matemático, e interessava-se particularmente por marés e queria estuda-las no oceano atlântico. No fim do século IV a.C., Pítheas partiu de Massália e, cruzando o Estreito de Gibraltar, chegou ao atlântico. Navegou para o norte, ao longo do litoral espanhol e francês orientando-se pelo sol e pelas estrelas, e acabou chegando a Inglaterra e a Irlanda. Da Escócia seguiu para o norte até que o gelo cobriu-lhe o caminho. Ao voltar para Massália, Pitheas relatou o que tinha visto. Suas observações convenceram-no de que a terra controlava as marés, descobriu a posição da estrela polar em relação ao pólo norte, observou que os mares do norte se congelavam e que no pólo ártico o sol não se punha.
 
 
Os Romanos como os Egípcios, eram um povo apegado a terra. Seus navios mercantes eram geralmente tripulados por estrangeiros. No tempo de Júlio Cesar, o navegador Grego Hipalo, viajou do Mar Vermelho para a Costa de Malabar. Os mercadores que seguiram o seu exemplo no ano 100 d.C., chegaram ao Ceilão e descobriram a Cochinchina.
 
 
Na China, Chang Chien em 138 a.C., viajou de Pequim a Barcul, passando pelo deserto de Gobi, depois seguiu para Bactriana, transpondo as montanhas de Tien Shan. As caravanas chinesas passaram a transportar alimentos, seda e especiarias para Índia, já os Vikings, exploraram os mares do norte, chegando primeiro às Ilhas Feroe e depois à Islândia e Groenlândia e por volta de 1000 d.C., alcançam a Costa da América do Norte.
 
 
Embora gregos e romanos, em nível de astronomia, admitissem a esfericidade da terra, de fato, a representação mental que estes últimos faziam do planeta, era de algo semelhante a um disco. Como escreveu Pomponio Mela, um geógrafo romano do século I a.C., autor de um tratado intitulado “de situ orbis”, uma das principais fontes do pensamento geográfico clássico. Disse ele que a terra estava rodeada pelo mar por todos os lados.

Na idade média, Breda, o venerável, dirá, de acordo com a opinião tradicional, que a terra “é um elemento colocado no meio do mundo. Está no meio dele como a gema está no meio do ovo, à volta desta, encontra-se a água como à volta da gema está à clara, à volta da água encontra-se o ar como à volta da clara do ovo se encontra a membrana que o contém, e isto é rodeado por fogo, do mesmo modo que a casca”.
A geografia medieval, a partir do século XII, era muito influenciada pela interpretação de mundo da raiz aristotélica. O postulado aristotélico, dizia que os quatro elementos do mundo, se dispunham numa série de esferas concêntricas, por ordem decrescente de densidade, estando a terra situada no centro. Aristóteles parecia querer dizer que a terra devia estar inteiramente coberta pelo mar. Numerosos pensadores medievais tomaram consciência deste absurdo, tanto mais incômodo quanto uma doutrina pseudo-aristotélica, devida aos comentadores helenos de Aristóteles, que concediam à água, um volume que era dez vezes maior que o da terra.
 

Na idade média, distinguiu-se perfeitamente os horizontes marítimos em termos de espaço conhecido e espaço desconhecido. Se o Mediterrâneo se apresenta como o espaço natural do mar conhecido, no âmbito do oceano, as concretizações geográficas não tem lugar de forma tão direta, provavelmente pelo efeito distanciador do desconhecido. Assim, o esplendido oceano tem um sentido não especificamente atlântico, antes aponta, como o horizonte onde ele tem lugar, para o quadro mais geral dos espaços marítimos desconhecidos.

Na verdade, dada a identificação espacial do atlântico durante o medievalismo, essa nebulosidade acabou por determinar a relativa pobreza do imaginário deste oceano; com a consequente subalternização perante o maravilhoso de outro oceano: o índico.
Dado o desenvolvimento da existência do continente americano, e tendo-se admitido em alguns setores que a terra fosse redonda, não teria sido difícil que se pudesse demandar as partes orientais, navegando diretamente para o ocidente, isto é, o atlântico pode ter chegado, em algum momento, a ser apresentado como princípio dos oceanos orientais. Como escreveu em inícios do século XV, Pedro D’ailly (numa alusão que Colombo não se esquece, mais tarde, de sublinhar). “a região das colunas de Hércules e a Índia são banhadas pelo mesmo mar”.
 
“Porém, o senhor fez vir sobre o mar, um vento tempestuoso e levantou no mar uma tão grande tempestade, que a embarcação ameaçava se despedaçar. Cheios de medo, os marinheiros disseram a Jonas: “que te havemos de fazer, para que o mar se acalme?”. Porque o mar se embravecia cada vez mais. Ele lhes respondeu: “pegai em mim e laçai-me ao mar, e o mar se acalmará, pois sei que é por minha causa, que vos sobreveio esta tempestade”. Depois pegaram em Jonas, e o lançaram ao mar, e o mar se acalmou. O senhor, fez com que alí houvesse um grande peixe para engolir a Jonas, e Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um peixe. Jonas orou ao senhor, seu Deus, do ventre do peixe. Então o senhor ordenou ao peixe, e este vomitou a Jonas na praia”. (livro de Jonas).
Os povos do mar não eram bandidos, mas grupos de povos sem um lugar fixo para se estabelecerem. Eles eram derrotados por outros povos mais fortes, numerosos e mais bem armados, que vinham das estepes em torno do Mar Negro. Eram constituídos por grupos de guerreiros com suas famílias e bens. De acordo com fontes Hititas, os povos do mar já estavam ativos no reinado de Akhenaton (1352-1336).
 
 
 
O primeiro “navio” foi um tronco sobre o qual o homem cruzou rios, as mãos eram seus remos, mais tarde o homem aprendeu a construir jangadas unindo troncos, depois construiu canoas de cascas de árvores, em regiões onde a madeira era escassa, os homens primitivos costuravam peles de animais em formas de saco, enchiam-nas de ar e utilizavam-nas como flutuadores; em algumas regiões distantes grandes vasos de barro serviam como barcos.

No antigo Egito as primeiras balsas eram feixes de junco, com o tempo aprenderam a amarrar esses feixes, os barcos adquiriram a forma de uma colher; em 4.000 a.c, já construíam galeras (barcos compridos e estreitos, impulsionados por uma fileira de remadores), em 3.200 a.c, os egípcios inventam as velas, também aprendem a construir barcos com pranchas de madeira. As barcadas egípcias carregavam quase 700 toneladas, uma vela e uma fileira de remadores de cada lado impulsionavam as embarcações mais leves, as mais pesadas tinham uma vela retangular. Inicialmente os egípcios usaram uma vela quadrada, após 2.000 a.c, a vela tornou-se mais larga e alta, dirigiam seus barcos com grandes remos ao lado da popa.
Os egípcios construíam seus barcos sem quilhas e sem vigas, simplesmente encaixavam as pranchas por meio de juntas para formar o casco, em mares agitados a popa e a proa afrouxavam por isso amarravam uma pesada corda em volta da proa e a estendiam ao longo do convés.
Minoanos e micênicos construíram sólidas galeras de guerra impulsionadas por uma fileira de remadores de cada lado e utilizavam uma vela quadrada. Gregos e fenícios em 500 a.c construíram embarcações com dois mastros, usavam velas quadradas melhorando com isso a direção em alto mar; após 300 a.c, os gregos começaram a usar vela triangular acima da vela principal, nos navios maiores, acrescentaram outra vela quadrada perto da popa, era um velame simples, de quatro velas.
 
Suas primeiras galeras tinham uma fileira de remadores em cada lado, entre 1.000 e 800 a.c, adaptaram um aríete na proa, na linha da água, era empregado nas batalhas e destinado a destruir o casco da embarcação inimiga. Em 700 a.c, construíram galeras com dois bancos ficando mais velozes, em 650 a.c, inventaram os trirremos (três fileiras de remadores), as juntas eram mais apertadas, por isso tinham cascos mais resistentes.


 

Os romanos criaram a maior frota mercante dos tempos antigos, seus navios mediam 55 metros de comprimento, 15 metros de largura e transportavam 900 toneladas com mil passageiros. Nas guerras os romanos faziam uso dos quinquerremos (cinco fileiras de remadores).

Os navios vikings eram as melhores embarcações da Europa setentrional entre o século VIII e XI d.c, mediam 24 metros de comprimento e 5,1 de largura, o casco era de pranchas superpostas e fixadas com pregos revirados, era impulsionada por 16 remadores de cada lado, tinha uma vela quadrada presa a um mastro de 12 metros de altura.
 
 
As velas quadradas eram apropriadas para ventos de popa, que sopravam por trás, ao contrário, as velas triangulares não eram eficientes quando se navegava contra o vento, nas galeras do ano 1.300 d.c, os remos só eram usados quando o vento não soprava, essas embarcações eram mais compridas e largas que as galeras de guerra, uma galera comum carregava 130 toneladas.
 
 
No século XV os construtores de navios do Mediterrâneo continuaram a construir embarcações de cascos fixando as pranchas de madeira à armação da quilha e das vigas, substituiu-se os remos laterais por um leme na popa, a mudança da mastreação (com castelo de popa e proa ) deu mais potência a embarcação. No século XV os exploradores Cristovão Colombo, Vasco da Gama, Fernão de Magalhães e o capitão Drake, usaram esse tipo de embarcação; tinham velas redondas, um mastro principal no meio, um mastro dianteiro na parte da frente e um mastro de ré na parte de trás. O mastro principal e o mastro dianteiro sustentavam uma vela quadrada e o mastro de ré sustentava uma vela triangular.
 
 
"Quero te contar que o oceano sabe disto: que a vida, em seus estojos de jóias, é infinita como a areia incontável; e o tempo, entre uvas cor de sangue, tornou a pedra lisa; encheu a água viva de luz; desfez o seu nó; soltou seus fios musicais de uma cornicórdia feita de infinita madre-pérola". (Pablo Neruda).
 

 

 

 

 

Um comentário:

  1. Adorei seu texto, muito educativo e bem apresentável, com fácil entedimento e ilustrações curiosas.

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