MAR: EXPLORAÇÃO E EXPLORADORES
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"Os navios de Társis, eram as tuas caravanas... O vento oriental te quebrantou no meio dos mares". (Ezequiel-27:24-26).
Primeiro grande explorador que se tornou conhecido na história, foi um egípcio chamado Henu, que viveu há 4.000 anos. Naquele tempo, os Egípcios acreditavam que o mundo era como um disco achatado cercado de água, essa água era chamada de “rio celestial”. Pensavam que o rio Nilo, fluía desse rio através de uma caverna situada ao sul numa montanha.
Os Egípcios foram hábeis
artesãos e engenheiros, mas gostavam pouco do mar. Ainda assim, fizeram no ano de
2007 a.C., sob o comando de Henu, uma viajem marítima até Punt (no mar vermelho
da Somália). Essa terra de Punt era rica em ouro, marfim, incenso e mirra, que
era usada pelos Egípcios para embalsamarem seus mortos. Henu conduziu sua
expedição através do deserto até a extremidade norte do mar vermelho. Lá os
Egípcios construíram seus navios e foram para Punt, ao chegarem, mandaram
gravar numa pedra a história dessa extraordinária viagem.
Os navios de Henu tinham o
fundo chato, a popa e a proa eram salientes. Eram fabricados de pequenos
pedaços de madeira encaixados uns nos outros e reforçados com cordas de couro cru.
Tinham um mastro em forma de V invertido e apenas uma vela. Eram pilotados por
rústicos lemes instalados nos lados. Quando não havia vento, eram os
remadores
que impeliam a embarcação.
Outros
povos dos mares foram os Minoanos. Eles viviam na ilha de Creta, e eram o
oposto dos Egípcios que amavam a terra; eram grandes navegadores e suas
riquezas provinham do comércio marítimo, explorando todo o mar Mediterrâneo.
Usavam pequenas embarcações em forma de banheira com uma única vela; assim como
os Egípcios, só as usavam quando o vento soprava por trás, pois ainda não
sabiam como aproveita-lo melhor. Não tinham âncoras, não tinham meios de
cozinhar a bordo e nem espaço para deitar; sendo obrigados a desembarcar para
comer, dormir e juntar suprimentos.
O mais notável explorador Grego
foi Alexandre, o grande, rei da Macedônia. No tempo de Alexandre, os filósofos
acreditavam que a terra era redonda. Alexandre não tinha ideia de onde a terra
acabava, mas queria chegar lá. Em 334 a.C., ele cruzou o Helesponto
(Dardanelos), passando da Europa para a Ásia, e ancorou com seu exército na
planície de Tróia; daqui foi para a Frígia (nos mares Mediterrâneo e Negro),
invadiu a fenícia, apoderou-se do Egito e conquistou o império persa.
Em 327 a.c., marcha para a Índia.
Abriu caminho pelos desfiladeiros do Indu Kuch e depois seguiu para o sul.
Estava a 16 mil quilômetros distante de sua terra e tinha levado 8 anos para
isso. Alexandre explorou o rio Indo até o oceano índico e depois iniciou sua
viajem de volta. Em 323 a.c., Alexandre morre e pede para que suas duas mãos
sejam deixadas balançando no ar fora do caixão, à vista de todos, para que
pudessem ver que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos.
Pítheas de Massália, outro
grego, era astrônomo e matemático, e interessava-se particularmente por marés e
queria estuda-las no oceano atlântico. No fim do século IV a.C., Pítheas partiu
de Massália e, cruzando o Estreito de Gibraltar, chegou ao atlântico. Navegou
para o norte, ao longo do litoral espanhol e francês orientando-se pelo sol e
pelas estrelas, e acabou chegando a Inglaterra e a Irlanda. Da Escócia seguiu
para o norte até que o gelo cobriu-lhe o caminho. Ao voltar para Massália, Pitheas
relatou o que tinha visto. Suas observações convenceram-no de que a terra
controlava as marés, descobriu a posição da estrela polar em relação ao pólo
norte, observou que os mares do norte se congelavam e que no pólo ártico o sol
não se punha.
Os Romanos como os Egípcios,
eram um povo apegado a terra. Seus navios mercantes eram geralmente tripulados
por estrangeiros. No tempo de Júlio Cesar, o navegador Grego Hipalo, viajou do
Mar Vermelho para a Costa de Malabar. Os mercadores que seguiram o seu exemplo
no ano 100 d.C., chegaram ao Ceilão e descobriram a Cochinchina.
Na China, Chang Chien em 138
a.C., viajou de Pequim a Barcul, passando pelo deserto de Gobi, depois seguiu
para Bactriana, transpondo as montanhas de Tien Shan. As caravanas chinesas
passaram a transportar alimentos, seda e especiarias para Índia, já os Vikings,
exploraram os mares do norte, chegando primeiro às Ilhas Feroe e depois à
Islândia e Groenlândia e por volta de 1000 d.C., alcançam a Costa da América do
Norte.
Embora gregos e romanos, em
nível de astronomia, admitissem a esfericidade da terra, de fato, a
representação mental que estes últimos faziam do planeta, era de algo
semelhante a um disco. Como escreveu Pomponio Mela, um geógrafo romano do
século I a.C., autor de um tratado intitulado “de situ orbis”, uma das
principais fontes do pensamento geográfico clássico. Disse ele que a terra
estava rodeada pelo mar por todos os lados.
Na idade média, Breda, o
venerável, dirá, de acordo com a opinião tradicional, que a terra “é um
elemento colocado no meio do mundo. Está no meio dele como a gema está no meio
do ovo, à volta desta, encontra-se a água como à volta da gema está à clara, à
volta da água encontra-se o ar como à volta da clara do ovo se encontra a
membrana que o contém, e isto é rodeado por fogo, do mesmo modo que a casca”.
A geografia medieval, a partir
do século XII, era muito influenciada pela interpretação de mundo da raiz aristotélica.
O postulado aristotélico, dizia que os quatro elementos do mundo, se dispunham
numa série de esferas concêntricas, por ordem decrescente de densidade, estando
a terra situada no centro. Aristóteles parecia querer dizer que a terra devia
estar inteiramente coberta pelo mar. Numerosos pensadores medievais tomaram
consciência deste absurdo, tanto mais incômodo quanto uma doutrina
pseudo-aristotélica, devida aos comentadores helenos de Aristóteles, que
concediam à água, um volume que era dez vezes maior que o da terra.
Na idade média, distinguiu-se
perfeitamente os horizontes marítimos em termos de espaço conhecido e espaço
desconhecido. Se o Mediterrâneo se apresenta como o espaço natural do mar
conhecido, no âmbito do oceano, as concretizações geográficas não tem lugar de
forma tão direta, provavelmente pelo efeito distanciador do desconhecido.
Assim, o esplendido oceano tem um sentido não especificamente atlântico, antes
aponta, como o horizonte onde ele tem lugar, para o quadro mais geral dos espaços
marítimos desconhecidos.
Na verdade, dada a
identificação espacial do atlântico durante o medievalismo, essa nebulosidade
acabou por determinar a relativa pobreza do imaginário deste oceano; com a
consequente subalternização perante o maravilhoso de outro oceano: o índico.
Dado o desenvolvimento da
existência do continente americano, e tendo-se admitido em alguns setores que a
terra fosse redonda, não teria sido difícil que se pudesse demandar as partes
orientais, navegando diretamente para o ocidente, isto é, o atlântico pode ter
chegado, em algum momento, a ser apresentado como princípio dos oceanos
orientais. Como escreveu em inícios do século XV, Pedro D’ailly (numa alusão
que Colombo não se esquece, mais tarde, de sublinhar). “a região das colunas de
Hércules e a Índia são banhadas pelo mesmo mar”.
“Porém, o senhor fez vir sobre
o mar, um vento tempestuoso e levantou no mar uma tão grande tempestade, que a
embarcação ameaçava se despedaçar. Cheios de medo, os marinheiros disseram a
Jonas: “que te havemos de fazer, para que o mar se acalme?”. Porque o mar se
embravecia cada vez mais. Ele lhes respondeu: “pegai em mim e laçai-me ao mar,
e o mar se acalmará, pois sei que é por minha causa, que vos sobreveio esta
tempestade”. Depois pegaram em Jonas, e o lançaram ao mar, e o mar se acalmou.
O senhor, fez com que alí houvesse um grande peixe para engolir a Jonas, e
Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um peixe. Jonas orou ao
senhor, seu Deus, do ventre do peixe. Então o senhor ordenou ao peixe, e este
vomitou a Jonas na praia”. (livro de Jonas).
Os povos do mar não eram bandidos, mas grupos
de povos sem um lugar fixo para se estabelecerem. Eles eram derrotados por
outros povos mais fortes, numerosos e mais bem armados, que vinham das estepes
em torno do Mar Negro. Eram constituídos por grupos de guerreiros com suas
famílias e bens. De acordo com fontes Hititas, os povos do mar já estavam
ativos no reinado de Akhenaton (1352-1336).
O primeiro “navio” foi um
tronco sobre o qual o homem cruzou rios, as mãos eram seus remos, mais tarde o
homem aprendeu a construir jangadas unindo troncos, depois construiu canoas de
cascas de árvores, em regiões onde a madeira era escassa, os homens primitivos
costuravam peles de animais em formas de saco, enchiam-nas de ar e
utilizavam-nas como flutuadores; em algumas regiões distantes grandes vasos de
barro serviam como barcos.
No antigo Egito as primeiras
balsas eram feixes de junco, com o tempo aprenderam a amarrar esses feixes, os
barcos adquiriram a forma de uma colher; em 4.000 a.c, já construíam galeras
(barcos compridos e estreitos, impulsionados por uma fileira de remadores), em
3.200 a.c, os egípcios inventam as velas, também aprendem a construir barcos
com pranchas de madeira. As barcadas egípcias carregavam quase 700 toneladas,
uma vela e uma fileira de remadores de cada lado impulsionavam as embarcações
mais leves, as mais pesadas tinham uma vela retangular. Inicialmente os
egípcios usaram uma vela quadrada, após 2.000 a.c, a vela tornou-se mais larga
e alta, dirigiam seus barcos com grandes remos ao lado da popa.
Os egípcios
construíam seus barcos sem quilhas e sem vigas, simplesmente encaixavam as
pranchas por meio de juntas para formar o casco, em mares agitados a popa e a
proa afrouxavam por isso amarravam uma pesada corda em volta da proa e a
estendiam ao longo do convés.
Minoanos e micênicos
construíram sólidas galeras de guerra impulsionadas por uma fileira de
remadores de cada lado e utilizavam uma vela quadrada. Gregos e fenícios em 500
a.c construíram embarcações com dois mastros, usavam velas quadradas melhorando
com isso a direção em alto mar; após 300 a.c, os gregos começaram a usar vela
triangular acima da vela principal, nos navios maiores, acrescentaram outra
vela quadrada perto da popa, era um velame simples, de quatro velas.
Suas
primeiras galeras tinham uma fileira de remadores em cada lado, entre 1.000 e
800 a.c, adaptaram um aríete na proa, na linha da água, era empregado nas batalhas
e destinado a destruir o casco da embarcação inimiga. Em 700 a.c, construíram
galeras com dois bancos ficando mais velozes, em 650 a.c, inventaram os
trirremos (três fileiras de remadores), as juntas eram mais apertadas, por isso
tinham cascos mais resistentes.
Os romanos criaram a maior
frota mercante dos tempos antigos, seus navios mediam 55 metros de comprimento,
15 metros de largura e transportavam 900 toneladas com mil passageiros. Nas
guerras os romanos faziam uso dos quinquerremos (cinco fileiras de remadores).
Os navios vikings eram as
melhores embarcações da Europa setentrional entre o século VIII e XI d.c,
mediam 24 metros de comprimento e 5,1 de largura, o casco era de pranchas
superpostas e fixadas com pregos revirados, era impulsionada por 16 remadores
de cada lado, tinha uma vela quadrada presa a um mastro de 12 metros de altura.
As velas quadradas eram
apropriadas para ventos de popa, que sopravam por trás, ao contrário, as velas
triangulares não eram eficientes quando se navegava contra o vento, nas galeras
do ano 1.300 d.c, os remos só eram usados quando o vento não soprava, essas
embarcações eram mais compridas e largas que as galeras de guerra, uma galera
comum carregava 130 toneladas.
No século XV os construtores de
navios do Mediterrâneo continuaram a construir embarcações de cascos fixando as
pranchas de madeira à armação da quilha e das vigas, substituiu-se os remos
laterais por um leme na popa, a mudança da mastreação (com castelo de popa e
proa ) deu mais potência a embarcação. No século XV os exploradores Cristovão
Colombo, Vasco da Gama, Fernão de Magalhães e o capitão Drake, usaram esse tipo
de embarcação; tinham velas redondas, um mastro principal no meio, um mastro
dianteiro na parte da frente e um mastro de ré na parte de trás. O mastro
principal e o mastro dianteiro sustentavam uma vela quadrada e o mastro de ré
sustentava uma vela triangular.
"Quero te contar que o oceano sabe disto: que a vida, em seus estojos de jóias, é infinita como a areia incontável; e o tempo, entre uvas cor de sangue, tornou a pedra lisa; encheu a água viva de luz; desfez o seu nó; soltou seus fios musicais de uma cornicórdia feita de infinita madre-pérola". (Pablo Neruda).
Adorei seu texto, muito educativo e bem apresentável, com fácil entedimento e ilustrações curiosas.
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