BREVE
SÍNTESE DO NOVO TESTAMENTO
“Eu sou a videira, vós as varas: quem
está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim, nada podeis
fazer”. (evangelho de Cristo segundo escreveu João).
“O homem não passa de um caniço, o mais
fraco da natureza, mas é um caniço que pensa. Não é necessário que o universo
se arme para esmagá-lo, pois um vapor ou uma gota de água bastam para matá-lo.
Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem ainda seria mais nobre do que
quem o mata, porque sabe que morre e a vantagem que o universo tem sobre ele é:
o universo desconhece tudo isso”. (Blaise Pascal. França, Renascimento).
EVANGELHO
DE CRISTO SEGUNDO ESCREVEU MATEUS
Até
o renascimento, pensou-se que o evangelho de Mateus tinha sido o primeiro
evangelho escrito. Foi o evangelho mais copiado e mais citado durante os dois
primeiros séculos da igreja cristã. William Barclay em “The First Three Gospels”,
disse que Mateus é o mais importante documento individual da fé cristã; nele,
nós temos o relato mais completo e mais sistemático da vida e dos ensinos de
Jesus.
A
tradição da igreja primitiva é que Mateus (Levi), coletor de impostos e
discípulo de Jesus, escreveu o evangelho. Por volta de 1776, Lessing, teorizou
um estágio oral no desenvolvimento dos evangelhos sinópticos (do grego: Ler
juntos). Segundo Lessing, escritores antigos os modificaram para seus próprios
públicos-alvo. Mateus: judeus. Marcos: romanos. Lucas: gentios.
No
começo do século 19, J.J Griesbach, teorizou que Mateus e Lucas escreveram
relatos separados da vida de Jesus. Marcos por sua vez, escreveu um evangelho
curto, tentando mediar esses outros dois relatos.
Este
evangelho forma uma ponte lógica, entre o antigo e o novo; entre crentes judeus
e crentes gentios. Usa o A.T num formato promessa/realização, como fizeram os
primeiros sermões de Atos, que eram chamados “Kerygma”.
O
propósito do evangelho era evangelizar e discipular:
1. Eles
deviam ajudar os convertidos judeus informando-lhes da vida e ensino de Jesus;
2. Eles
deviam discipular judeus e gentios crentes, de como ser cristãos.
Holtzmann,
diz que Marcos foi o primeiro evangelho escrito e Mateus e Lucas usaram-no como
inspiração.
Pápias,
bispo de Hierápolis (130 a. D), diz que Mateus escreveu seu evangelho em
aramaico; isso é falso, pois, o grego de Mateus não tem características de uma
tradução do aramaico. Há jogos de palavras gregas, ex: 6:16, 21:41, 24:30; e, a
maioria das citações do A.T são da septuaginta.
Clemente
de Roma, fez uma alusão ao evangelho de Mateus em sua carta para Corinto;
Inácio, bispo de Antioquia, citou Mateus 3:15, em uma carta aos Esmirniotas. A
data do evangelho gira em torno de 50 a. D.
Eusébio
de Cesaréia em sua “História Eclesiástica” diz que Mateus usou Marcos como guia
estrutural; e Orígenes diz que o evangelho foi escrito por crentes judeus.
Os
movimentos geográficos de Jesus em Mateus:
1. Galiléia;
2. Norte
da Galiléia;
3. Beréia
e Judéia;
4. Jerusalém.
EVANGELHO
DE CRISTO SEGUNDO ESCREVEU MARCOS
Marcos
não é com freqüência citado pelos pais da igreja grega ou apologistas do
segundo século. É com certeza, o primeiro evangelho escrito; o primeiro relato
oficial da vida de Jesus. Os evangelhos não são biografias, ou histórias
modernas; eles são escritos teológicos seletivos, usados para apresentar Jesus
à públicos diferentes e trazê-los à fé; fazem parte do propósito de
evangelismo. (João 20:30-31).
Marcos
é constituído de quatro cenários históricos distintos:
1. A
vida e ensinos de Jesus;
2. A
vida e ministério de Pedro;
3. As
necessidades da igreja primitiva;
4. O
propósito evangelístico de João Marcos.
Seu
evangelho foi escrito em grego Coiné, a segunda língua do Mediterrâneo. A
primeira língua de Marcos era o aramaico, como era de Jesus e judeus na
palestina do primeiro século. João Marcos é identificado com o apóstolo Pedro;
em seu evangelho ele não registra três episódios em que Pedro foi envolvido.
1. Seu
caminhar sobre a água;
2. Sendo
porta-voz em Cesaréia de Filipe pela fé dos doze;
3. Sua
procuração do imposto do templo para ele e Jesus.
Segundo
Eusébio de Cesaréia em: “História Eclesiástica”, marcos foi intérprete de
Pedro. Irineu em 180 a. D, menciona João marcos como intérprete de Pedro e
compilador de suas memórias, depois de sua morte.
De
Marcos, sabemos que sua mãe era bem conhecida em Jerusalém e que tinha uma
igreja em sua casa. (Marcos 14:15). É possivelmente o homem não identificado
que fugiu do Getsêmani (Marcos 14:50-51). Acompanhou seu tio Barnabé e Paulo de
volta para Antioquia (Atos 12:25). Esteve na primeira viagem missionária de
Paulo (Atos 13:5).
Clemente,
de Alexandria em 195 a. D, afirma que aqueles que ouviram Pedro pregar em Roma,
pediram a marcos para registrar estes sermões. E Tertuliano em 200 a. D, no
livro “Contra Marcião”, diz que marcos publicou as memórias de Pedro.
Lucas,
conclui Atos com Paulo ainda na prisão no começo dos anos 60 a. D. Se for
verdadeiro que Lucas usou Marcos em seu evangelho, então deve ter sido escrito
antes de Atos, e, portanto, antes do ano 60 a. D.
No
evangelho, a última semana da vida de Jesus, é o foco de mais de um terço do
livro. Segundo C.H. Dodd, a estrutura de Marcos imita o modelo básico da
pregação apostólica primitiva que é registrada em Atos 10:37-43. (New Testament
Studies).
Marcos
é caracterizado por um relato rápido da vida de Jesus; ele não registra longas
sessões de ensino; move-se rápido de evento para evento.
EVANGELHO
DE CRISTO SEGUNDO ESCREVEU LUCAS
Lucas é o evangelho mais longo. Ao lado de Atos contém o
maior número de páginas que qualquer outro do novo testamento. Ele escreve o
melhor grego Coiné de todos os escritores do novo testamento (com exceção ao
autor de Hebreus, Apolo). Lucas se importa com aqueles menos favorecidos.
1. Mulheres;
2. Pobres;
3. Ignorados;
4. Leprosos;
5. Criminosos;
6. Samaritanos.
Tertuliano
diz que Lucas escreveu o resumo do evangelho de Paulo; e Eusébio de Cesaréia,
afirma a autoria do seu evangelho e também de Atos.
Segundo
Jerônimo em “Migna”, Lucas, era médico, solteiro; escreveu da Acaia e morreu
aos 84 anos em Beócia. Foi um dos primeiros historiadores a usar em sua escrita
o método de pesquisa. Segundo W. K. Hobart, ele usa em seus escritos 300 termos
relacionados à medicina.
Tanto
seu evangelho, como atos, são escritos para Teófilo. Lucas o chama de excelentíssimo;
ele usa esse mesmo titulo para Félix (atos 24:03) e Festo (atos 26:25). Teófilo
era um nome comum entre judeus e gregos. Este Teófilo pode ter ajudado a pagar
as despesas para escrever, copiar e distribuir seu evangelho e Atos.
Seu
evangelho dirigia-se aos gentios, pois:
1. Explica
costumes judaicos;
2. O
evangelho é para todo povo;
3. Cita
profecias que se referem à toda carne (citação de Isaías 40);
4. A
genealogia volta até Adão;
5. Exemplo
do A.T anunciam o amor de Deus pelos gentios.
Lucas
21 é diferente de Mateus 24 e marcos 13, no que se refere ao retorno de Cristo
e o fim do mundo. Lucas fala do evangelismo do mundo que leva tempo para a
igreja realizar e enfatiza que o reino de Deus está aqui e agora. Os dois
primeiros capítulos são únicos de seu evangelho, contendo 4 milagres únicos e 9
parábolas únicas; sendo que, divide com Mateus 3 parábolas.
EVANGELHO
DE CRISTO SEGUNDO ESCREVEU JOÃO
Mateus
e Lucas começam com o nascimento de Jesus; marcos começa com o seu batismo,
mas, João começa antes da criação. A frase “o discípulo amado”, é identificado
por Polícrato e Irineu, como sendo João, o apóstolo. O autor conhecia os
ensinos e rituais judaicos. Conhecia a Palestina e Jerusalém. Era membro do
grupo apostólico.
Irineu
(120-202 a.D), que foi associado com Policarpo, conhecia João, o apóstolo:
“João, o discípulo do senhor que reclinou sobre o seu peito e ele mesmo
publicou o evangelho na Ásia”.
Clemente
de Alexandria (153-217 a. D): “João foi divinamente movido pelo espírito e
compôs um evangelho”.
Justino
Mártir (110-165 a. D), em seu livro: “Diálogo com Trifo”, também aludiu que
João é o autor do 4º evangelho.
Originalmente
foi escrito para as igrejas da província romana da Ásia menor; por causa da
simplicidade e profundidade do relato da vida de Jesus e se tornou o evangelho
favorito dos crentes gentios helenistas.
Razões
para duvidar da autoria tradicional:
1. Faz
conexão com temas gnósticos;
2. Há
um apêndice no cap. 21;
3. Discrepâncias
cronológicas com os sinópticos;
4. João
não teria referido a si mesmo como “discípulo amado”.
Segundo
W. F. Albright, afirma que o evangelho é do final dos anos 70 a. D. O evangelho
começa com um prólogo filosófico-teológico, baseado na mitologia grega “Logos
divino”, depois chamado de “razão” pelo filósofo grego Heráclito de Éfeso.
ATOS
A
igreja primitiva desenvolveu e circulou duas coleções dos escritos do novo
testamento:
1. Os
evangelhos;
2. O
apóstolo (cartas de Paulo).
O
título do livro é encontrado em formas ligeiramente diferentes nos textos
gregos antigos. Dídimo o chama de manuscrito sinaítico. Atanásio e Tertuliano o
chamam de Atos dos Apóstolos e Crisóstomo o chamou de Atos dos Santos
Apóstolos.
A
palavra grega para “Atos” é ‘Práxis’ e ela reflete um gênero literário
utilizado no mediterrâneo antigo.
O
fragmento do Cânon Muratoriano (180-200 a.D) de Roma diz: “compilado por Lucas,
o médico”. Clemente de Alexandria e Orígenes também identificaram Lucas como o
autor de Atos. Torrey, acredita que Lucas usou documentos em aramaico ou fontes
de tradições orais para os primeiros 15 capítulos. Se isso é verdadeiro, Lucas
é um editor desse material, não um autor. Nos últimos sermões de Paulo, Lucas
dá somente um resumo das palavras de Paulo, não relatos literais!
Atos,
cobre um período de tempo que vai de 30 – 63 a. D. Paulo foi liberto da prisão
em Roma no meio dos anos 60, e detido novamente. Foi executado sob Nero nas
perseguições de 65 a. D.
Eventos
históricos registrados em atos:
1. Vasta
fome no império de Claudio – 44 a. D;
2. Morte
de Herodes Agripa I – primavera;
3. Pró-consulado
de Sergio Paulo em 53 a. D;
4. Expulsão
dos judeus de Roma por Claudio;
5. Pró-consulado
de Gálio;
6. Pró-consulado
de Félix;
7. Substituição
de Félix por Festo;
8. Oficiais
romanos: Marcelo e Marulo.
Em
Atos são mencionados 32 países, 54 cidades e 9 ilhas mediterrâneas; as 3 mais
importantes cidades são:
1. Jerusalém;
2. Antioquia;
3. Roma.
Há
mais de 95 pessoas mencionadas em Atos, mas, as mais importantes são: Pedro,
Estevão, Filipe, Barnabé, Tiago e Paulo.
Atos
está relacionado com o mal entendido que rodeava a morte de Jesus (por
traição); Lucas está escrevendo para gentios (Teófilo, Possivelmente um oficial
romano) ele usa os discursos de Pedro, Estevão e Paulo para mostrar a
conspiração dos judeus e a positividade dos oficiais governamentais romanos
para com o cristianismo.
Principais
magistrados de Filipos contidos em Atos:
1. Gálio;
2. Asiarcas
de Éfeso;
3. Claudio
Lísias;
4. Félix;
5. Pórcio
Festo;
6. Agripa
II;
7. Públio.
Lucas
defende Paulo diante da igreja gentia, pois ele foi repetidamente atacado por
grupos judaicos e helenistas. Lucas mostra a normalidade de Paulo ao claramente
revelar seu coração e teologia em suas viagens e sermões.
Atos
é para o novo testamento o que Josué até II Reis é para o A.T: narrativa
histórica.
INTRODUÇÃO
À ROMANOS
Agostinho
de Hipona foi convertido em 386 a. D, lendo Romanos 13:13-14. A compreensão de
Lutero acerca da salvação foi mudada em 1513 a. D, quando ele comparou Salmos
31:1 com Romanos 1:17. John Wesley foi convertido em 1738 a. D, lendo o sermão
de Lutero na introdução à Romanos.
Romanos
foi escrito entre 56 e 58 a. D.; foi possivelmente escrito em Corinto para o
fim da 3ª viagem de Paulo antes de partir para Jerusalém. A carta afirma seu destino
para Roma.
A
fundação da igreja em Roma:
1. Não
se sabe quem a fundou; podem ter sido algumas pessoas que estavam visitando
Jerusalém no dia de pentecostes e foram convertidas e retornaram para casa para
iniciar uma igreja. (Atos 2:10);
2. Poderiam
ter sido discípulos que fugiram da perseguição em Jerusalém depois da morte de
Estevão;
Martinho
Lutero nomeou a carta como sendo “o evangelho mais puro”. O portador da carta
de Paulo na Grécia para Roma foi Febe, uma diaconisa, que estava viajando
naquela direção (Romanos 16:1). A maioria das cartas de Paulo são firmemente
ilustradas por uma situação local, mas, Romanos não! Ela é uma apresentação
sistemática de uma fé de longa duração do apóstolo.
Romanos
é o livro mais sistemático e doutrinário do apóstolo Paulo. Algo ocorreu que
fez Paulo escrever essa carta (talvez o ciúme entre judeus crentes e a
liderança gentia).
O
propósito era apresentar-se à igreja romana. Havia muita oposição a Paulo de
judeus convertidos em Jerusalém (concílio de Jerusalém de atos 15), de judeus
não sinceros (gálatas e II coríntios 3:10-13) e de gentios (colossenses e
efésios), que tentaram fundir o evangelho com suas teorias favoritas.
Paulo
foi acusado de ser um inovador perigoso, acrescentando coisas aos ensinamentos
de Jesus. Romanos foi sua maneira de defender-se, mostrando como o seu
evangelho era verdadeiro, usando o antigo testamento e os ensinos de Jesus.
Breve esboço:
Necessidade
da justiça divina:
1º. Declínio
do mundo gentio;
2º. Hipocrisia
dos judeus ou moralistas pagãos;
3º. Condenação
universal.
Qual
é a justiça divina:
1º. Justiça
pela fé;
2º. A
base da justiça – a promessa de Deus.
A
realização da justiça:
1º. O
amor imerecido;
2º. Alegria
inigualável;
3º. O
maravilhoso amor de Deus.
INTRODUÇÃO
À I CORÍNTIOS
No
fragmento muratoriano, que era uma lista dos livros canônicos de Roma 180 – 220
a. D, é listada como o primeiro escrito de Paulo. Ela, juntamente com II Coríntios
dá-nos um primeiro olhar da igreja do N.T, sua estrutura, métodos e mensagem.
Corinto
era uma rota marítima ao sul da Grécia (especializada em cerâmica e bronze).
Corinto era também um centro cultural importante do mundo Greco-romano porque
sediava os jogos ístimicos que começaram em 581 a. C, no templo de Poseidon.
Em
145 a. C, Corinto foi destruída pelo general romano Lúcio Múmio e a população
dispersada. Por sua importância econômica foi reconstruída em 48 a. C por Júlio
César; tornou-se uma colônia romana onde soldados romanos se aposentavam.
Lá
estava situado o templo para Afrodite. Segundo o historiador Estrabão, eram
incorporadas ao templo cerca de 1.000 prostitutas para cultos de fertilidade.
Paulo
encontrou Áquila e Priscila, judeus crentes fazedores de tendas de couro, em
Corinto. Foram expulsos de Roma em 49 a. D, pelo edito de Claudio, imperador
romano (contra rituais judaicos). Silas e Timóteo estavam em missões na
Macedônia (atos 18:5). Paulo ficou em Corinto 18 meses.
Clemente
de Roma atestou que Paulo é o autor da carta aos coríntios.
Quantidade
de cartas que Paulo escreveu para Corinto:
1. Duas
cartas: I e II coríntios;
2. Três
cartas: 1 sendo perdida;
3. Quatro
cartas: com duas sendo perdidas.
Alguns
estudiosos encontram partes das duas cartas perdidas em II Coríntios.
INTRODUÇÃO
À GÁLATAS
Martinho
Lutero expressou: “o pequeno livro de Gálatas é minha carta, eu noivei com ela,
ela é minha esposa”.
Curtis
Vaughan escreveu: “poucos livros influenciam tanto a mente dos homens”.
Galácia
se refere aos gálatas étnicos do platô central do norte da Turquia. Eram celtas
que invadiram essa área no 3º século a. C. Eram chamados de gallo-gregos. Foram
derrotados em 230 a. C, por Átalo I, o rei de Pérgamo.
Alguns
tem ligado a doença de Paulo em gálatas 4:13 à malária. Afirma-se que Paulo foi
para o norte para as regiões montanhosas a fim de afastar-se das planícies
costeiras, infestadas de malária.
Relação
de Gálatas com atos: Paulo fez cinco visitas à Jerusalém registradas em Atos:
1. Depois
de sua conversão;
2. Para
aliviar a fome das igrejas gentias;
3. Concilio
de Jerusalém;
4. Visita
breve;
5. Outra
explicação do trabalho gentio.
Há
duas visitas à Jerusalém registradas em Gálatas:
1. Depois
de 13 anos;
2. Depois
de 14 anos.
Atos
9:26 está relacionado com Gálatas 1:18.
INTRODUÇÃO
À EFÉSIOS
O
poeta Samuel Coleridge chamou a carta de Efésios de “a divina composição do
homem”. João Calvino chamou-a de “meu livro favorito da bíblia”. John Knox
pediu que os sermões de Calvino baseados em Efésios fossem lidos para ele em
seu leito de morte. Este livro foi chamado “a jóia de coroação” ou “ponto
culminante” da teologia de Paulo. Todos os grandes temas de Paulo são expressos
de uma maneira resumida, mas, bem feita; em romanos instigou-se a reforma, em
efésios lê-se sobre reunir a cristandade espalhada.
Inácio
de Smirna (30 – 107 a. D) afirma que Paulo é o autor da carta. A autoria de
Paulo também é confirmada por clemente de Alexandria (150 – 210 a. D) e
Policarpo (65 – 155 a. D).
Os
finais tanto de colossenses quanto de Efésios, tem 29 palavras que são
exatamente as mesmas em grego. (há duas palavras adicionais em colossenses).
Erasmo
de Roterdã foi o primeiro a pôr em duvida a autoria de Paulo; ele apontou 3
motivos:
1º. O
seu estilo é de sentenças longas que não aparecem nas outras cartas de Paulo;
2º. Não
há cumprimentos pessoais;
3º. O
vocabulário é único.
A
erudição crítica do século 18 começou a negar a autoria de Paulo.
Motivos:
1. Vários
versos parecem ser de um crente de segunda geração (3:5);
2. Algumas
palavras teológicas foram usadas com definições discrepantes (ex: mistério);
3. Singularidade
do gênero de uma carta cíclica.
Mais
de um terço das palavras de colossenses estão em Efésios. 75 dos 155 versos de
Efésios têm um paralelo em colossenses:
1. Ambas
as cartas foram entregues pelo amigo de Paulo, Tíquico;
2. Ambas
foram enviadas à Ásia menor;
3. Ambas
tratam do mesmo tópico Cristológico;
4. Ambas
enfatizam Cristo como cabeça da igreja.
Em
Colossenses a igreja é sempre local, mas, em Efésios é universal. Isso é devido
a natureza cíclica da carta de Efésios. Vários termos paulinos são usados de
maneira diferente. Ex: mistério; em Colossenses o mistério é Cristo e em
Efésios é o plano de Deus anteriormente escondido, mas agora revelado. Efésios
têm em torno de 30 citações do A.T; enquanto que Colossenses têm apenas duas ou
três.
Aparentemente
logo depois de escrever colossenses, com tempo à sua disposição na prisão,
Paulo desenvolveu os mesmos temas. Efésios caracteriza-se por sentenças longas
e conceitos teológicos bem desenvolvidos (1:3-14, 2:1-10, 3:1-12). Já em
colossenses o tema central é a unidade de todas as coisas em Cristo.
Similaridades
de estruturas em colossenses e efésios:
1. Elas
têm muitas aberturas semelhantes;
2. Têm
seções doutrinárias tratando fundamentalmente de Cristo;
3. Há
seções admoestando o estilo de vida cristão, usando os mesmos termos e frases.
A
heresia, que era uma característica proeminente em colossenses, não é
diretamente mencionada em efésios. Contudo, ambas as cartas usam termos
gnósticos característicos:
1. Sabedoria;
2. Conhecimento;
3. Plenitude;
4. Principados
e potestades;
5. Dispensação.
A
previsão mais fundamentada para a escrita de Efésios é na primeira prisão de
Paulo em Roma, por volta de 60 a. D.
INTRODUÇÃO
À FILIPENSES
Esta
é uma das cartas mais informais de Paulo. Com esta igreja ele não sentiu a
necessidade de afirmar a sua autoridade apostólica. No livro há 104 versos; o
nome ou título de Jesus ocorre 51 vezes. Esta carta inclui um exemplo de um
hino cristão primitivo ou poema litúrgico (2:6-11). É uma das passagens
cristológicas mais excelentes do N.T. Paulo a usa como um exemplo da humildade
de Cristo para ser imitado por todos.
Como
o evangelho chegou à Filipos:
Na
segunda viagem missionária de Paulo, ele queria contornar o norte para entrar
na Ásia central. Em vez disso, numa visão ele viu um homem chamando-o para vir
e ajudá-los. (Atos 16:6-10). Por esta visão o espírito dirigiu Paulo à Europa.
Paulo estava acompanhado de Silas; este era um líder da igreja de Jerusalém e
um profeta que substituiu Barnabé como cooperador missionário de Paulo.
Outro
companheiro de Paulo era Timóteo. Este, era um convertido da primeira viagem
missionária de Paulo; sua mãe era judia e seu pai era grego. Paulo circuncidou
Timóteo para que ele pudesse ser aceito pelos judeus.
Lucas
também foi companheiro de Paulo, ele foi aparentemente um médico gentio (Cl.
4:14). Alguns acham que o termo médico significava “altamente educado”. É
certamente verdadeiro que Lucas estava à par de várias áreas técnicas, além da
medicina, tal como navegação.
F.
F. Bruce, sugere que Lucas ficou em Filipos para ajudar os novos convertidos e
coletar o fundo de auxílio gentio para a igreja de Jerusalém. Ele pode ter sido
também médico pessoal de Paulo, já que Paulo tinha vários problemas físicos,
devido a sua conversão (Atos 9:3-9).
Tertuliano
de Cártago em 210 a. D e Clemente de Roma em 95 a. D, confirmaram a autoria de
Filipenses à Paulo.
v Cronologia das cartas paulinas
Livro
|
Data
|
Lugar de escrita
|
Gálatas
|
48
|
Antioquia
– Síria
|
I
Tessalonicenses
|
50
|
Corinto
|
II
Tessalonicenses
|
50
|
Corinto
|
I
Coríntios
|
55
|
Éfeso
|
II
Coríntios
|
56
|
Macedônia
|
Romanos
|
57
|
Corinto
|
Colossenses
|
Início
dos 60 (prisão)
|
Roma
|
Efésios
|
Início
dos 60 (prisão)
|
Roma
|
Filemon
|
Inicio
dos 60 (prisão)
|
Roma
|
Filipenses
|
Fim
de 61 (prisão)
|
Roma
|
I
Timóteo
|
63
|
Macedônia
|
Tito
|
63
|
Éfeso
|
II
Timóteo
|
64
|
Roma
|
Propósitos
da carta:
1. Comunicar
a ação de graças de Paulo para essa igreja amorosa que o ajudou com dinheiro e
até enviou um ajudante de nome Epafrodito;
2. Encorajar
os filipenses em meio aos falsos ensinamentos que eram parecidos aos dos
judaizantes dos gálatas;
3. Encorajar
os crentes filipenses à alegria mesmo em meio a perseguição.
Breve
esboço do contexto:
Saudação:
1. De
Paulo e Timóteo;
2. Aos
santos em Filipos.
Oração:
1. Cooperadores
no evangelho desde o primeiro momento;
2. Apoiadores
do ministério de Paulo.
Pedidos
de Paulo por:
1. Amor
abundante;
2. Conhecimento
abundante;
3. Discernimento
abundante;
4. Santidade
abundante.
Confiança
de Paulo na libertação por causa de:
1. Suas
orações;
2. Espírito
santo.
Planos
de Paulo relacionados à Filipos:
1. Enviar
Timóteo;
2. Retornar
Epafrodito.
INTRODUÇÃO
A TIAGO
Este
é o livro favorito do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard, e o menos
favorito de Martinho Lutero, pois para ele, o livro contradiz a ênfase
“justificação pela fé” que Paulo escreve aos romanos. O autor tradicional é
Tiago (“Jacó” em hebraico), o meio irmão de Jesus e um dos quatro (Marcos 6:3).
Ele
foi o líder da igreja de Jerusalém de 48 a 62 a. D. O historiador Hegesipo,
informa que ele foi chamado de Tiago “o justo” e depois foi apelidado de
“joelhos de camelo”, pois, constantemente orava de joelhos. Tiago não era um
crente até depois da ressurreição; ele estava presente no cenáculo quando o
espírito veio no pentecostes; era casado e é referido por Paulo como “uma
coluna”.
O
historiador Flávio Josefo em sua obra “a antiguidade judaica” diz que Tiago foi
apedrejado em 62 a. D, pelos saduceus do sinédrio; já Clemente de Alexandria
diz que ele foi empurrado da área do templo.
A.
T. Robertson em seu livro “Studies in the Epistle of James” escreveu: “há
várias provas que a epístola foi escrita pelo autor do discurso de atos
15:13-21. Há similaridades delicadas de pensamento e estilo sutil demais para
mera imitação ou cópia. A mesma semelhança aparece entre essa mesma carta e a
carta para Antioquia, também escrita por Tiago.” (atos 15:23-29).
Há
dois outros homens chamados “Tiago” no N.T. No entanto, Tiago, o irmão de João,
foi morto muito cedo em 44 a. D, por Herodes Agripa I. O outro Tiago, o menor,
nunca é mencionado fora das listas dos apóstolos. O autor dessa epístola parece
ser bem conhecido.
Jerônimo
disse que Tiago era primo de Jesus (de Alfeu e Maria de Clopas); obteve isso
comparando Mateus 27:56 com João 19:25.
Orígenes
informou que ele era meio irmão de um casamento anterior de José; e, Helvídio
afirmou que ele era um verdadeiro meio irmão de Jesus.
A
data da carta gira em torno de 49 a. D, antes do concilio de Jerusalém; é,
portanto, o livro mais antigo do novo testamento.
Esta
carta não estava na lista canônica da África do norte em 360 a. D; chamada de
“Lista de Chelltenham”. Erasmo de Roterdã tinha dúvidas sobre ela, como fez
Martinho Lutero, que a chamou de “epístola de palha”.
Os
líderes da escola Antioquina, de interpretação bíblica Crisóstomo (345 – 407 a.
D) e Teodoreto (393 – 457 a. D), aceitaram a autoria de Tiago. Ela foi aludida
em 96 a. D por Clemente de Roma e Justino Mártir. É citada por Orígenes em seu
comentário sobre João 19:23; e, Agostinho de Hipona defendeu sua inclusão no
cânon.
Termos
e frases:
1. Não
há mudança nem sombra de variação;
2. Confessai
os vossos pecados uns aos outros;
3. Tende
por motivo;
4. Cumpridores
da palavra;
5. Coroa
da vida;
6. Mais
duro juízo;
7. Ungir.
INTRODUÇÃO
À JUDAS
Judas
é um livro amedrontador, sobre o perigo recorrente de erro, rebelião e juízo. O
estilo e a forma grega de Judas, são a de um grego Coiné bem escrito. Judas
deve ter tido uma exposição cosmopolita; usa uma abordagem franca e direta para
o mandato de viver piedoso neste mundo de pecado e rebelião.
A relação literária de
Judas com II Pedro:
1. Dos
25 versos em Judas, 16 tem alguma associação com II Pedro 2:1-18;
2. II
Pedro cita Judas;
3. Judas
cita II Pedro.
O uso literário
hebraico do 3:
1. Três
eventos de apostasia do A.T;
2. Três
personagens do A.T.
Quando
Judas escreveu esta carta, a presença física dos apóstolos havia passado; Judas
menciona os problemas morais dos falsos mestres, mas ele não discute erros
doutrinários. Ele usa exemplos do A.T e não os ensinos de Jesus.
Judas
queria encorajar os crentes a:
1. Crescer
espiritualmente;
2. Assegurar
a salvação;
3. Ajudar
os caídos.
Þ
Livros
não canônicos:
O
A.T cita escritos não inspirados (Números 21:14; Josué 10:13 e I Reis 11:41).
Jesus usou fontes não canônicas como material ilustrativo. (Mateus 23:35).
Paulo de Tarso, usa o poeta grego Arato, em Atos 17:28. Tiago usou tradição
rabínica em sua epístola (Tiago 5:17). E João usou mitologia de cosmologias
orientais.
Os
livros apócrifos ou não canônicos circulavam amplamente entre os crentes do 1º
século e eram teologicamente influentes.
Atenágoras
em 117 a. D, policarpo em 140 a. D e Orígenes em 205 a. D, afirmaram a
canonicidade de Judas. Agostinho de Hipona em 400 a. D e Cirilo de Jerusalém em
310 a. D, fizeram uso da carta de Judas em seus escritos.
A
carta de Judas juntamente com II Pedro, II e III João foi rejeitada pela igreja
Síria primitiva.
Termos
e frases:
1. Fé
que uma vez por todas foi entregue aos santos;
2. Nossa
comum salvação;
3. Sob
trevas, em algemas eternas;
4. Fogo
eterno;
5. Único
Deus.
Judas fez uso de no
mínimo quatro livros apócrifos:
1. Assunção
de Moisés;
2. O
livro de Enoque;
3. O
testamento de Naftali (vers. 6);
4. O
testamento de Aser (vers. 8).
Clemente
de Alexandria diz no seu livro “Adumbrações” que esta carta foi escrita por
Judas, irmão de Tiago, irmão do Senhor. Epifânio e Atanásio disseram a mesma
coisa e também o chamaram de apóstolo. Kummel escreveu: “Como irmão de Tiago é
suficientemente claro. Havia um só Tiago eminente e bem conhecido, irmão do
senhor. “(Tiago 1:1).
Judas
é um dos irmãos de Jesus, o terceiro a ser mencionado em Marcos 6:3 e o quarto
em Mateus 13: 55.
ROMA
O século 8 a. C, viu a
fundação de Roma. Dois séculos de guerras com Cártago na África do norte,
chegaram ao fim com a vitória romana em 146 a. C.
Sob Pompeu conquistaram
a bacia do Mediterrâneo e com Julio César a Gália. Após a morte deste, Augusto derrotou
as forças de Antônio e Cleópatra na batalha de Ácio, na Grécia em 31 a. C,
tornando-se o imperador de Roma.
·
Augusto (27 a. C – 14 d. C): sob quem
ocorreu o nascimento de Jesus; o recenseamento ligado ao seu nascimento e os
primórdios do culto ao imperador.
·
Tibério (14 – 37): sob quem Jesus
efetuou seu ministério e foi morto.
·
Calígula (37 – 41): ordenou que uma
estátua sua fosse colocada no templo de Jerusalém; morreu antes do desejo ser
aceito.
·
Nero (54 – 68): sob quem Pedro e Paulo
foram martirizados.
·
Vespasiano (69 – 79): ainda general
romano esmagou uma revolta dos judeus e com o seu filho Tito destruiu o templo
em 70 d. C.
·
Domiciano (81 – 96): cuja perseguição
contra a igreja inspirou a escrita do apocalipse.
HERODES
Herodes
governou Roma de 37 à 4 a. C. Seu pai, Antípater subiu ao poder graças a
favores políticos e aproveitou para lançar o filho na carreira militar e
política.
Herodes
era um indivíduo astuto, invejoso e cruel. Assassinou duas esposas e três
noras. Augusto certa feita admitiu: “é melhor ser um porco de Herodes do que
ser seu filho”.
Sua
política se caracterizava por toques de recolher e pesados impostos, apesar de às
vezes distribuir comidas e roupas de graça aos necessitados. Herodes morre em 4
a. C, de câncer nos intestinos.
Dinastia
de Herodes:
·
Arquelau: etnarca da Judéia, Samaria e Iduméia.
·
Herodes Filipe: tetrarca da Ituréia,
Traconites, Gaulanites, Auranites e Batanéia.
·
Herodes Antipas: tetrarca da Galiléia e
Peréia. João Batista repreendeu a Antipas por se divorciar da esposa para
casar-se com Herodias, esposa de seu meio irmão e por causa disso teve sua
cabeça cortada. Jesus chamou Herodes Antipas de “essa raposa”. (Lucas 13:32).
Herodes
Agripa I, neto de Herodes, o grande, executou o apóstolo Tiago filho de Zebedeu
e também encarcerou a Pedro (atos 12).
Herodes
Agripa II, bisneto de Herodes, o grande, ouviu Paulo em sua autodefesa (atos
25:26).
A
SOCIEDADE ROMANA
A
palestina não possuía ruas pavimentadas, mas haviam algumas estradas principais.
Uma partia de Jerusalém para Belém e Gaza; e outra para Jerusalém, Betânia,
Jericó e Damasco (essa percorrida por Paulo quando teve sua visão de Jesus).
As
pessoas viajavam a pé, em lombo de burro, a cavalo, em mulas, com carruagem ou
liteiras. As ferrovias eram perfeitas, tanto que os primeiros missionários
cristãos as usavam com bom proveito.
O
Egito fornecia pão para o império romano e Alexandria era o porto principal. Os
navios alexandrinos atingiam até 60 m de comprimento e eram equipados com
vários remos e velas, quase sempre escravos remavam divididos em 10 fileiras.
Paulo usou um desses barcos quando sofreu um naufrágio.
O
material de escrita era o óstracos (pedaços quebrados de cerâmica) e tabletes
recobertos de cera.
As
casas romanas eram de madeira ou apenas cabanas velhas; na porção oriental do
império as casas eram de estuco e tijolos cozidos ao sol. Os telhados eram
cobertos de telhas ou palhas. Na cozinha havia um forno de barro ou de pedra.
Lâmpadas de azeite proviam a iluminação.
Os
homens usavam túnicas que iam até os joelhos; no frio uma manta pesada era
usada por cima dessa túnica. As vestes eram usualmente de cor branca.
Já
as mulheres usavam uma túnica curta com roupa de baixo. As mais ricas usavam
batom, sombra nos olhos, colares e brincos; ostentavam longos cabelos; enquanto
os homens tinham cabelos curtos ou raspados com navalha.
“Nec
plus ultra?”.